ONU manifesta preocupação e pede que equipe seja enviada a usina nuclear ucraniana

A instalação foi alvo de bombardeios, que provocaram várias explosões perto do quadro elétrico e um corte de energia

O aumento da tensão após o registro de novos ataques perto da usina nuclear de Zaporizhzhya, no sul da Ucrânia, considerada a maior da Europa, foi o tema de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU (organização das Nações Unidas) na quinta-feira (11).

O encontro foi solicitado à presidência do órgão, que atualmente cabe à China, e teve participação por videoconferência do diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Rafael Mariano Grossi. Ele pediu uma visita imediata de técnicos da agência à usina, solicitando permissão à Rússia, que ocupa o local, e à Ucrânia, que abriga a instalação.

“Essas ações militares perto de uma instalação nuclear tão grande podem levar a consequências muito sérias”, disse Grossi na reunião solicitada pela Rússia, marcada por apelos retumbantes para permitir que os especialistas técnicos da Agência visitem a área em meio a crescentes preocupações de segurança.

Usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia (Foto: Wiklimedia Commons)

Em sua apresentação aos 15 membros do Conselho, Grossi disse que ele mesmo deverá liderar a missão, cujo objetivo é fornecer uma avaliação independente da situação no terreno após a escalada de ataques na área.

Apresentando uma visão geral do caso, o chefe da AIEA disse que, em 5 de agosto, a usina foi alvo de bombardeios, que provocaram várias explosões perto do quadro elétrico e um corte de energia. Uma unidade do reator foi desconectada da rede elétrica, acionando seu sistema de proteção de emergência e colocando geradores em operação para garantir o fornecimento de energia. 

O alto funcionário da ONU disse que também houve bombardeios em uma estação de oxigênio de nitrogênio. Embora os bombeiros tenham extinguido o fogo, os reparos ainda devem ser examinados e avaliados.

Grossi disse que a avaliação preliminar dos especialistas da AIEA indica que não há ameaça imediata à segurança nuclear como resultado do bombardeio ou de outras ações militares. No entanto, “isso pode mudar a qualquer momento”, advertiu.

Ele ainda lembrou seu recente discurso na Décima Conferência de Revisão das Partes do Tratado de Não-Proliferação Nuclear em andamento, na qual delineou sete pilares indispensáveis ​​que são críticos para a segurança e proteção nuclear. Entre eles, aspectos relacionados à integridade física da planta, fornecimento de energia fora do local, sistemas de refrigeração e medidas de preparação para emergências.

“Todos esses pilares foram comprometidos, se não totalmente violados, em um ponto ou outro durante esta crise”, sinalizou o chefe da AIEA. “Qualquer catástrofe nuclear seria inaceitável. Portanto, preveni-la deveria ser nosso objetivo primordial. Esta é uma hora séria, uma hora grave, e a AIEA deve ser autorizada a realizar sua missão em Zaporizhzhya o mais rápido possível”.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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