Orbán é primeiro líder de país da UE entre os ‘predadores da liberdade de imprensa’

Relação foi publicada pela organização Repórteres Sem Fronteiras e conta com 37 líderes mundiais

O primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán é o primeiro líder de um país da União Europeia (EU) a figurar na lista de “predadores da liberdade de imprensa” da organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF). A relação foi divulgada na última sexta-feira (2).

“O autoproclamado campeão da ‘democracia iliberal‘ tem minado de forma constante e eficaz o pluralismo e a independência da mídia desde que voltou ao poder em 2010″, diz o texto da RSF, que havia publicado a relação anterior cinco anos atrás, em 2016.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (Foto: European’s People Party/Divulgação)

“Existem agora 37 líderes de todo o mundo na galeria de predadores da liberdade de imprensa da RSF e ninguém poderia dizer que esta lista é exagerada”, disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire. “Cada um tem seu próprio estilo. Alguns impõem um reino de terror emitindo ordens irracionais e paranoicas. Outros adotam uma estratégia cuidadosamente construída com base em leis draconianas”.

Na lista, 19 líderes comandam países pintados de vermelho no mapa da liberdade de imprensa mundial. São nações cuja situação é classificada como “ruim” para o trabalho jornalístico. Já 16 líderes governam países coloridos em preto, nos quais a situação para o jornalismo é “muito ruim”.

Figuras notórias

A RSF destaca uma figura em particular na lista de 37 nomes: o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. “Ele é o centro de todo o poder e chefia uma monarquia que não tolera liberdade de imprensa. Seus métodos repressivos incluem espionagem e ameaças que às vezes resultam em sequestro, tortura e outros atos impensáveis. O horrível assassinato de Jamal Khashoggi expôs um método predatório que é simplesmente bárbaro”, diz a entidade, citando o jornalista saudita assassinado em 2018 no consulado do país em Istambul, na Turquia.

Há duas mulheres na relação. Uma é Carrie Lam, de Hong Kong, chamada pela RSF de “fantoche do presidente chinês Xi Jinping”. A entidade cita o recente fechamento do principal jornal independente de Hong Kong, o Apple Daily, em 24 de junho, e a prisão de seu fundador, Jimmy Lai. A outra mulher é Sheikh Hasina, primeira-ministra de Bangladesh desde 2009. “Suas façanhas predatórias incluem a adoção de uma lei de segurança digital em 2018 que levou mais de 70 jornalistas e blogueiros a serem processados”, segundo a RSF.

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