A Ucrânia perdeu 43 mil soldados em combate e registrou 370 mil feridos desde o início da invasão em grande escala pela Rússia em fevereiro de 2022. A afirmação partiu do presidente Volodymyr Zelensky, na primeira divulgação oficial do total de baixas do país na guerra. O anúncio foi feito em uma publicação no Telegram, dias após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que Kiev “perdeu absurdamente 400 mil soldados”. As informações são do site Politico.
Segundo Zelensky, metade dos soldados feridos consegue retornar ao serviço, e todos os casos são registrados, inclusive ferimentos leves e reincidências. Ele também destacou o êxito na recuperação de prisioneiros de guerra. “Não podemos esquecer que conseguimos trazer de volta 3.767 guerreiros do cativeiro russo”, afirmou.
O presidente ucraniano rebateu declarações e estimativas que considera exageradas. Em fevereiro deste ano, ele havia informado a morte de 31 mil militares, mas evitou divulgar o número de feridos, justificando que não queria fornecer informações estratégicas ao Kremlin.
As baixas ucranianas, no entanto, são inferiores às estimadas para o lado russo, que, segundo Zelensky, ultrapassam 750 mil, incluindo 198 mil mortes e mais de 550 mil feridos. Ele destacou que, desde setembro, a Rússia tem perdido cinco ou seis soldados para cada ucraniano morto em combate.
Zelensky também voltou a enfatizar a necessidade de um acordo de paz duradouro, com garantias contra novas agressões russas. “Um cessar-fogo sem garantias significa que o conflito pode ser reacendido a qualquer momento, como Putin já fez antes”, declarou. “Para garantir que não haverá mais baixas ucranianas, precisamos da confiabilidade da paz e não ignorar a ocupação”, concluiu.
Adesão à Otan, com ressalva
Na semana passada, o líder ucraniano sugeriu uma solução inédita, dizendo que o país aceitaria aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) com uma importante concessão à Rússia: o artigo 5, que garante a defesa coletiva, não se aplicaria às áreas atualmente ocupadas por Moscou.
A sugestão marcou uma importante mudança de postura de Zelensky, que em abril classificou qualquer medida nesse sentido como “primitiva. Um possível motivador seria a entrada de Trump no governo norte-americano, dada a expectativa de que adote uma postura mais cautelosa em relação ao apoio à Ucrânia.
A proposta de Zelensky, na prática, dividiria a Ucrânia em duas regiões. Uma que inclui todo o território atual, como Kiev e Kharkiv, teria que ser defendida. Mas não haveria obrigação de defesa do resto do território, essencialmente no leste do país, que foi tomado pelas tropas russas.