Em uma proposta inédita, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o país aceitaria aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) com uma importante concessão à Rússia: o artigo 5, que garante a defesa coletiva, não se aplicaria às áreas atualmente ocupadas por Moscou. A declaração, feita durante uma coletiva de imprensa em Kiev no último domingo (1º), reflete uma tentativa de acelerar o processo de integração à aliança e pressionar por um cessar-fogo. As informações são do site Business Insider.
Zelensky ressaltou que a soberania de todo o território ucraniano deve ser reconhecida, mas admitiu as limitações práticas da aplicação imediata da defesa coletiva.
“Entendemos que o artigo 5 não pode se aplicar a todo o território ucraniano durante o período de guerra, pois isso colocaria os países-membros em risco de serem arrastados para o conflito”, disse o presidente.
A sugestão marca uma importante mudança de postura de Zelensky, que em abril classificou qualquer medida nesse sentido como “primitiva. Um possível motivador seria a entrada de Donald Trump no governo norte-americano, dada a expectativa de que adote uma postura mais cautelosa em relação ao apoio à Ucrânia.
“Se queremos parar a fase quente da guerra, precisamos colocar sob o guarda-chuva da Otan o território da Ucrânia que está sob nosso controle”, afirmou Zelensky, destacando a urgência de um plano de adesão.
A proposta de Zelensky, na prática, dividiria a Ucrânia em duas regiões. Uma que inclui todo o território atual, como Kiev e Kharkiv, teria que ser defendida. Mas não haveria obrigação de defesa do resto do território, essencialmente no leste do país, que foi tomado pelas tropas russas.
Ainda assim, há preocupações sobre a confiabilidade do pacto, dado o histórico do líder russo Vladimir Putin de violar decisões de cessar-fogo.