Pena de morte para combatentes estrangeiros é crime de guerra, diz ONU

Dois britânicos e um marroquino foram capturados enquanto lutavam pela Ucrânia, supostamente defendendo Mariupol

O ACNUDH (escritório de direitos humanos da ONU) condenou nesta sexta-feira (10) o anúncio de que será aplicada a pena de morte a três combatentes estrangeiros na Ucrânia, por um tribunal da autoproclamada República Popular de Donetsk. “Tais julgamentos contra prisioneiros de guerra equivalem a um crime de guerra”, disse a porta-voz do órgão, Ravina Shamdasani.

Os britânicos Aiden Aslin e Shaun Pinner e o marroquino Saaudun Brahim foram capturados enquanto lutavam pela Ucrânia, supostamente defendendo a cidade portuária de Mariupol, no sul.

A acirrada luta entre as forças ucranianas e russas desde a invasão das tropas de Moscou, no dia 24 de fevereiro, destruiu a cidade, onde a chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, já havia condenado ataques contra civis e infraestrutura civil, que provavelmente causaram milhares de mortes.

Operação do exército ucraniano no leste do país (Foto: WikiCommons)

“O ACNUDH está preocupado com a chamada Suprema Corte da autoproclamada República Popular de Donetsk condenando três militares à morte”, disse Shamdasani. “De acordo com o comando-chefe da Ucrânia, todos os homens faziam parte das forças armadas ucranianas e, se for o caso, não devem ser considerados mercenários”.

A porta-voz também destacou preocupações de longa data sobre violações de julgamentos justos nas regiões separatistas do leste da Ucrânia que fazem fronteira com a Rússia. “Desde 2015, observamos que o chamado judiciário dessas repúblicas autônomas não cumpriu as garantias essenciais de um julgamento justo, como audiências públicas, independência, imparcialidade dos tribunais e o direito de não ser obrigado a testemunhar”.

Shamdasani acrescentou que “tais julgamentos contra prisioneiros de guerra equivalem a um crime de guerra. No caso do uso da pena de morte, as garantias de um julgamento justo são, obviamente, ainda mais importantes.”

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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