Durante evento do think tank Centro para a China e Globalização (CCG) no começo desta semana, o BRICS, bloco do Sul Global que tem como Estados-Membros principais Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi apontado como uma “boa alternativa” à União Europeia (UE) para melhorar as perspectivas econômicas da Turquia, segundo o principal diplomata de Ancara. As informações são do South China Morning Post.
No início de uma viagem de três dias à China na segunda-feira (3), o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, mencionou que, embora seu país faça parte de uma união aduaneira com Bruxelas, também está buscando novas oportunidades de cooperação com diversos parceiros em diferentes plataformas, como o BRICS, que atualmente reúne dez economias emergentes.
“Certamente gostaríamos de nos tornar membros do BRICS. Vamos ver como será este ano”, afirmou Fidan em meio à agenda no território chinês.
Os compromissos de Fidan incluíram um encontro com o chefe de segurança chinês, Chen Wenqing. Ambos os lados demonstraram disposição para fortalecer a cooperação bilateral em segurança, conforme relatado pela agência de notícias estatal Xinhua.
Nesta terça-feira (4), Fidan se reuniu com seu homólogo chinês Wang Yi e com o vice-presidente Han Zheng. Segundo uma declaração chinesa, o chanceler turco afirmou que seu país apoia o princípio “Uma Só China” e “não permitirá atividades na Turquia que prejudiquem a integridade territorial da China.” Ele acrescentou que Ancara está pronta para manter “intercâmbios de alto nível e estreitos com Beijing.”
Fidan ainda deve visitar as cidades de Urumqi e Kashgar, na região de Xinjiang, antes de encerrar sua viagem na quarta-feira (5), segundo a emissora turca TRT. Se confirmada a agenda, ele será o mais alto funcionário turco a passar pela região autônoma onde vivem os uigures, minoria étnica predominantemente muçulmana, desde que o presidente Recep Tayyip Erdogan esteve lá como primeiro-ministro em abril de 2012.
Durante o evento na segunda-feira (3), Fidan anunciou que planeja participar de uma reunião na Rússia na próxima semana. Nesse encontro, os ministros das Relações Exteriores dos países do BRICS – que ainda inclui Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – se encontrarão em Nizhny Novgorod, no oeste da Rússia, para preparar a cúpula de outubro em Kazan. Um dos principais temas da agenda será a possível adesão da Turquia, que já é membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Erdogan já havia manifestado a intenção da Turquia de aderir ao BRICS há seis anos, durante a cúpula do grupo em Joanesburgo, mas desde então houve pouco avanço nesse sentido. No evento do CCG, Fidan destacou que um dos pilares fundamentais da política externa da Turquia é a construção de laços econômicos fortes e institucionais. Ele explicou que, devido à “política de identidade”, alguns dos principais países da UE sempre impediram que a Turquia se tornasse um membro pleno do bloco, apesar dos esforços contínuos do país.
Fidan reconheceu que o bloco do Sul Global ainda tem “um longo caminho pela frente”, mas destacou que “não podemos ignorar que o BRICS, como uma plataforma significativa de cooperação, oferece uma alternativa válida para alguns países”.
A Turquia apresentou sua candidatura para aderir à então Comunidade Econômica Europeia há quase quatro décadas e, em 1999, foi oficialmente reconhecida como candidata à adesão plena à UE. No entanto, as negociações sobre a entrada de Ancara começaram em 2005 e estão estado estagnadas devido a uma série de questões, desde direitos humanos até política externa.
Kremlin saúda interesse turco
Nesta terça, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, declarou que a Rússia recebe com agrado o alegado interesse da Turquia em aderir ao grupo BRICS, segundo a agência Reuters.
Peskov afirmou que esse assunto será discutido na próxima cúpula do bloco. Peskov também observou que há um crescente interesse em participar dos BRICS, mas ressaltou que pode ser difícil satisfazer completamente todas as nações interessadas.