Valery Mitko, um renomado cientista russo de 81 anos, sob custódia em prisão domiciliar após ser acusado de “alta traição” em fevereiro de 2020, morreu no domingo (2), disse o grupo de direitos humanos Pervy Otdel (“Primeira Unidade”, em tradução literal) em seu canal no Telegram. As informações são da rede Radio Free Europe.
Mitko morreu em São Petersburgo após sofrer seu quarto ataque cardíaco, de acordo com advogados do Pervyi Otdel, que também era responsável pela sua defesa. O grupo observou que ele estava impedido de fazer caminhadas regulares fora de seu apartamento, localizado na mesma cidade.
O cientista havia recebido alta hospitalar há poucos dias e estava debilitado, a ponto de não conseguir andar, disseram os defensores, segundo repercutiu a agência Associated Press.
Mitko, um proeminente pesquisador da região do Ártico e um dos principais nomes em hidroacústica (estudo da propagação do som na água e a interação das ondas mecânicas) do país, foi acusado de revelar dados confidenciais à China durante uma viagem acadêmica que fez ao país em 2018. Ele negou as acusações.
O cientista e sua defesa alegaram que os únicos materiais que ele levou para a nação asiática tinham relação ao seu trabalho científico e de ensino. Após a morte, o grupo retratou Mitko como mais uma vítima do “sistema repressivo que o perseguiu por um crime que não cometeu”.
MItko é parte de um extenso rol de acadêmicos russos idosos presos por cooperar com Estados estrangeiros nos últimos anos, no que os críticos do Kremlin chamam de “paranoia infundada e tentativas de reprimir qualquer dissidência”.
Em julho, o físico Dmitry Kolker, de 54 anos, cientista russo preso na Sibéria sob acusação de traição ao Estado por praticar espionagem para Beijing, morreu após lutar um câncer terminal no pâncreas, pelo qual estava internado. Mesmo doente, ele foi removido para uma prisão em Moscou.