Putin se diz aberto a negociar a paz, mas volta a questionar legitimidade de Zelensky

Presidente da Rússia reafirma que não aceita negociar cara a cara com o líder ucraniano: 'Ele não tem o direito de assinar nada'

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reiterou sua recusa em negociar diretamente com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem classificou como “ilegítimo”. Em resposta, Zelensky acusou Putin de temer um acordo de paz, sugerindo que o presidente russo busca prolongar o conflito, que se estende por quase três anos. As informações são da Radio Free Asia.

Em entrevista à TV estatal russa Rossiya 1 na terça-feira (28), Putin declarou que Zelensky não tem autoridade para assinar acordos devido à suposta ilegitimidade de seu mandato. “Você pode negociar com qualquer um, mas ele [Zelensky] não tem o direito de assinar nada”, afirmou. O líder russo acrescentou que, se o presidente ucraniano participasse de possíveis negociações, ele enviaria representantes, evitando um encontro cara a cara.

Putin sustenta que Zelensky deixou de ser um governante legítimo porque seu mandato de cinco anos expirou em maio do ano passado. A eleição presidencial na Ucrânia, prevista para 31 de março de 2024, foi adiada devido à lei marcial em vigor desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

Um soldado ucraniano caminha sobre um veículo de combate russo destruído em Bucha, Ucrânia (Foto: manhhai/Flickr)

Zelenskyy, por sua vez, argumenta que a Constituição do país garante sua permanência no cargo até que um novo presidente seja eleito. Em uma postagem nas redes sociais, o líder ucraniano criticou Putin, afirmando que ele é o verdadeiro obstáculo para um cessar-fogo. “Putin confirmou mais uma vez que tem medo de negociações e de líderes fortes. Ele faz de tudo para prolongar a guerra”, escreveu Zelenskyy.

Pressão internacional

Enquanto isso, a Ucrânia aposta na pressão dos Estados Unidos para obrigar Moscou a buscar uma solução negociada. O presidente Donald Trump, empossado em 20 de janeiro, ameaçou impor sanções e tarifas sobre produtos russos caso Putin não aceite dialogar. “Se não fizermos um ‘acordo’, e logo, não terei outra escolha a não ser aplicar altos níveis de impostos, tarifas e sanções em tudo que a Rússia vender aos Estados Unidos e a outros países”, declarou Trump em sua plataforma Truth Social no dia 22 de janeiro.

A postura agressiva do presidente americano contrasta com seus elogios anteriores a Putin e suas críticas ao apoio dos EUA à Ucrânia. Essa contradição tem gerado preocupação entre os aliados de Kiev, que temem que Trump possa ceder às exigências russas em nome de um acordo rápido.

O Kremlin, por sua vez, minimizou as declarações de Trump, alegando que não há “nenhum elemento particularmente novo” nelas.

Situação no campo de batalha

No front de guerra, a Ucrânia enfrenta dificuldades para conter o avanço russo. Há quase um ano, as tropas de Putin vêm ganhando terreno e impondo baixas significativas ao exército ucraniano, que luta com menos recursos e pessoal. Um dos desafios mais urgentes para Kiev tem sido recrutar soldados suficientes para repor suas unidades desgastadas.

Em 2023, o governo reformulou o sistema de mobilização, mas a falta de efetivo segue sendo um problema crítico. Apesar da pressão para reduzir a idade mínima para o recrutamento militar, Zelensky tem resistido a essa medida.

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