União Europeia sofreu 57 ataques terroristas em 2020, aponta relatório

Vinte e uma pessoas morreram em função dos atentados e 449 foram presas sob suspeita de associação ao terrorismo

A Europol, força policial da UE (União Europeia), divulgou em seu relatório anual, na terça-feira (22), que o bloco foi alvo de 57 ataques terroristas em 2020. Nem todos foram executados até o fim. Muitos falharam ou foram frustrados pelas autoridades. Vinte e uma pessoas morreram em função dos atentados e 449 foram presas sob suspeita de associação ao terrorismo. 

Segundo o documento, o surto de Covid-19 contribuiu para o grande número de ataques: “A situação criada pela pandemia pode ser um fator adicional de estresse, potencialmente encorajando indivíduos vulneráveis a recorrer à violência”. 

O texto diz ainda que “extremistas e terroristas encontraram novas oportunidades devido ao maior tempo que passam online”. E que “a grande quantidade de desinformação disseminada” pela internet permite que eles “explorem a insatisfação social para alcançar e propagar suas ideologias”.

Relatório informa que União Europeia registrou 57 ataques terroristas em 2020
Sede da Europol, a força policial da União Europeia, em Hague, na Holanda (Foto: Wikimedia Commons)

Jihadista

A maior fonte de violência na UE é o extremismo islâmico. A Europol registrou um aumento no número de ataques terroristas orquestrados por jihadistas em 2020. Foram dez atentados, que causaram 21 mortes e deixaram ao menos 47 pessoas feridas. 

Os atentados foram executados por “atores solitários”, como qualifica o relatório. “O auto-intitulado Estados Islâmico (EI), ainda ativo na Síria e no Iraque, alcança apoiadores na Europa e os incita a perpetrar ataques. Afiliados globais ajudam a disseminar a imagem de sucesso do grupo – particularmente os da África, que se expandiram em 2020”. 

Nesses casos, especificamente, o documento sugere que o isolamento social proveniente da pandemia é uma agravante. Alguns terroristas apresentam uma perigosa combinação de ideologias extremistas e problemas de saúde mental.  

Outro fator que influenciou no aumento de ataques jihadistas foi o conflito ideológico com a extrema direita. Mais especificamente, a publicação de charges do Profeta Maomé e outros atos anti-islâmicos praticados por direitistas.  

Extrema direita 

Um ataque terrorista foi executado pela extrema direita e consta no documento da Europol. Ele aconteceu em Hanau, na Alemanha, e foi perpetrado por um indivíduo com motivação racista e xenófoba. Outros três atentados do gênero, na Bélgica, na França e na Alemanha, fracassaram ou foram frustrados pela polícia. 

Relatório informa que União Europeia registrou 57 ataques terroristas em 2020
Cerimônia relembra um ano do ataque que matou 11 pessoas em Hanau (Foto: Wikimedia Commons/Leonhard Lenz)

Na ação de Hanau, o terrorista disparou contra um bar, matando 11 pessoas e ferindo outras cinco. Ao retornar para casa, ele matou a própria mãe e cometeu suicídio. Nesse caso, diferente dos atentados jihadistas, não há indícios de que o extremista tenha mantido contato com qualquer grupo de fora do país. 

Extrema esquerda 

A Itália foi o catalisador de ataques terroristas associados à extrema esquerda e ao anarquismo. O país registrou 24 dos 25 casos relatados pela Europol. O outro aconteceu na França. 

Os ataques foram direcionados a propriedades privadas e públicas, como instituições financeiras e prédios do governo. Houve uma tentativa de ataque com carta-bomba. 

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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