Rússia decreta prisão de juiz do TPI que emitiu mandado contra autoridades do país

Haykel Ben Mahfoudh foi responsável por decisões contra dois membros do governo russo acusados de crimes de guerra

Um tribunal da Rússia determinou a prisão do juiz Haykel Ben Mahfoudh, do Tribunal Penal Internacional (TPI), à revelia. Ele havia emitido ordens de prisão contra autoridades militares russas, incluindo o ex-ministro da Defesa Sergei Shoigu e o chefe do Estado-Maior Valery Gerasimov, por supostos crimes de guerra na Ucrânia. As informações são do jornal The Moscow Times.

A ordem de prisão à revelia acusa o juiz de “detenção ilegal”, crime que pode resultar em até quatro anos de prisão. A medida faz parte de uma resposta de Moscou contra o TPI, após a emissão de mandados de prisão contra líderes russos por alegadas deportações de crianças ucranianas durante a invasão.

Ex-ministro da Defesa Sergei Shoigu (esq.) e o chefe do Estado-Maior Valery Gerasimov (Foto: Facebook)

A Rússia não é signatária do TPI e rejeita sua jurisdição, classificando as ordens do tribunal como “absurdas” e sem efeito legal. Apesar disso, a tensão aumentou desde que a corte emitiu um mandado de prisão para o presidente Vladimir Putin em março de 2023, o que levou o líder russo a reduzir viagens internacionais.

O Kremlin reafirmou que considera as ações do TPI politicamente motivadas, enquanto as autoridades russas intensificam investigações e sanções contra funcionários do tribunal. Antes, Moscou havia aberto um processo criminal contra o procurador-chefe da corte, Karim Khan, e outros envolvidos na emissão dos mandados.

O mandado de prisão contra o Putin está atrelado à deportação ilegal de crianças ucranianas durante o conflito na Ucrânia, ação considerada um crime de guerra. Como ele, foi atingida também a comissária presidencial da Rússia para os direitos das crianças Maria Lvova-Belova, acusada de ligação com a deportação ilegal de cerca de 700 mil crianças ucranianas.

Mais tarde, em junho de 2024, a corte também emitiu mandados contra Shoigu e Gerasimov por “crimes internacionais cometidos pelo menos entre 10 de outubro de 2022 e pelo menos 9 de março de 2023”.

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