Rússia diz que França se propôs a negociar a paz sem envolver diretamente a Ucrânia

Moscou acusa Paris de negociar sobre o país invadido sem incluir Kiev, enquanto o governo francês reitera que a paz só será alcançada nos termos ucranianos

Na quinta-feira (26), declarações do ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, reacenderam tensões diplomáticas entre Moscou e Paris em meio à guerra na Ucrânia. Lavrov revelou que a França procurou a Rússia, por meio de canais fechados, para tratar da situação ucraniana sem envolver Kiev nas discussões. As informações são do Politico.

“Em várias ocasiões, nossos colegas franceses nos contataram. E, devo dizer, sem incluir a Ucrânia”, afirmou o chanceler russo em entrevista a veículos de comunicação locais, citada pela agência de notícias RIA Novosti.

A resposta da França foi rápida e contundente. Autoridades francesas rejeitaram as acusações e reiteraram que a Rússia tem total responsabilidade pelo conflito, iniciado em fevereiro de 2022, e que qualquer resolução deve respeitar os termos definidos pela Ucrânia.

Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, faz discurso na Conferência sobre Desarmamento da ONU em 2019 (Foto: UN Geneva/Flickr)

“Se a Rússia deseja a paz, ela deve pôr fim à guerra. O país agressor é o único responsável por essa tragédia”, disse um diplomata francês. Ele também enfatizou que “uma paz negociada sem o envolvimento dos ucranianos jamais será duradoura”, destacando o apoio da França à fórmula de paz proposta por Kiev.

Além das críticas gerais, Lavrov atacou a iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, de criar uma força de manutenção da paz na Ucrânia para um eventual período pós-conflito. Segundo o ministro russo, a abordagem de Paris é “ambígua” e dificulta uma resolução séria do conflito.

Essa troca de acusações ocorre em meio à busca de lideranças europeias por estratégias de diálogo com Moscou. No mês passado, o presidente francês comentou sobre a tentativa do chanceler alemão Olaf Scholz de dialogar com Vladimir Putin. Macron afirmou que “tomar iniciativas é sempre positivo”, mas frisou que “Putin não deseja a paz e não está disposto a negociar”.

Apesar disso, Macron deixou aberta a possibilidade de retomar o diálogo com o líder russo no futuro, quando “o contexto e as condições forem apropriados”. Ele relembrou suas tentativas anteriores, ainda antes da guerra, de mediar uma solução diplomática para evitar o conflito, embora tenham fracassado.

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