As ações “imprudentes” e o poder da Rússia estão em declínio, argumenta Richard Moore, o novo chefe do MI6, serviço de inteligência estrangeira da Grã-Bretanha, em entrevista à rádio Times.
Moore cita o aumento da tensão com a Ucrânia e os relatórios que ligam o GRU (Departamento de Inteligência Militar) russo à explosão de um depósito de armas na República Tcheca como possíveis causas de preocupação de Moscou.
“Quando você obtém esse padrão de comportamento imprudente, é claro que olha para o que está acontecendo na Ucrânia e isso preocupa”, afirmou o chefe do MI6.
Segundo Moore, o Reino Unido e os EUA já alertaram o presidente da Rússia, Vladimir Putin, “sobre os danos que uma invasão [na Ucrânia] poderia causar”. No dia 22, Moscou anunciou que retiraria quase 100 mil soldados da fronteira russo-ucraniana.
As preocupações, porém, não excluem a percepção de que o poder de Moscou está em declínio, apontou Moore. “A Rússia é uma potência em declínio econômico e demográfico”, disse.
“É um lugar extremamente desafiador e, claramente, o tratamento dado a Alexei Navalny e as consequentes manifestações por sua libertação em diversas cidades do país mostra que há um certo descontentamento com Putin“.
O líder da oposição foi preso em janeiro quando retornou da Alemanha, onde passou meses em tratamento após sobreviver a uma tentativa de envenenamento por novichok, agente químico que ataca o sistema nervoso. Na prisão, o oposicionista fez uma greve de fome contra a falta de tratamento médico e perdeu cerca de 20 quilos.
Outra percepção
Em entrevista a A Referência em março, a jornalista russa Natalia Antonova afirmou que a inépcia e corrupção das forças de Vladimir Putin são, na realidade, seu “atributo mais perigoso”.
Segundo ela, a recuperação de Navalny após o envenenamento por novichok serve para identificar um “caos previsível” nos serviços de segurança do país. Essa ineficiência, contudo, não é sinônimo de um eventual desgaste que, no limite, possa ensejar a queda de Putin.
“Eu não diria que é tanto um declínio quando o resultado lógico das políticas internas do Kremlin nas últimas duas décadas. O caos é um sintoma, mas Putin ainda não está terminado e provavelmente não acabará por enquanto“, pontuou.