Rússia usa peças compradas no AliExpress para montar drones armados, segundo Kiev

Militar ucraniano diz que destroços de veículos aéreos não tripulados lançados por Moscou possuem itens comprados na China

As sanções ocidentais impedem a Rússia de comprar não apenas armas e munição para uso na guerra da Ucrânia, mas também itens de uso duplo, aqueles que podem ter funções inclusive militares. Para driblar tal barreira, Moscou tem utilizado o popular site de compras AliExpress, da China, onde adquire itens que têm sido usados para montar veículos aéreos improvisados. As informações são do site Ukrainska Pravda.

Segundo Yurii Ihnat, porta-voz da força aérea ucraniana, destroços de drones disparados pelas forças russas na guerra servem como evidência para as alegações de Kiev.

“Temos os restos, temos os destroços e podemos ver o que o inimigo está usando para produzi-los”, disse Ihnat. “Na verdade, os motores foram comprados no AliExpress, e é assim que o inimigo vai usá-los. Não é a primeira vez que uma aeronave é feita com materiais simples, rápidos e sujos, como dizem, e lançada rumo ao nosso país.”

Mesmo improvisados, o militar diz que os veículos aéreos não tripulados (VANTs) russos são uma ameaça, pois carregam uma quantidade relevante de explosivos. “Por isso representam um perigo”, acrescentou o porta-voz.

Restos de drone kamikaze russo derrubado em Luhansk, Ucrânia (Foto: WikiCommons)
Fornecedores chineses

A alegação de Ihnat aquece o debate em torno da aliança entre China e Rússia e de como ela pode ajudar Moscou a se armar na guerra, mesmo ante às duras sanções e às negativas chinesas. Nesse sentido, Anton Siluanov, ministro das Finanças russos, admitiu na semana passada que “basicamente todos os nossos drones vêm da República Popular da China.”

Beijing, por sua vez, insiste em negar que forneça armas a Moscou. Entretanto, têm se acumulado os indícios de que empresas chinesas entregam aos russos principalmente tecnologia de uso duplo.

Em 2022, por exemplo, a China vendeu mais de US$ 500 milhões em semicondutores para a Rússia, em comparação com os US$ 200 milhões de 2021, segundo dados divulgados no final de setembro pela rede CNBC.

A mesma reportagem afirmou que, até março de 2023, os chineses venderam mais de US$ 12 milhões em drones para equipar as forças do Kremlin.

Devido à relevância dos drones, protagonistas da guerra, o Ocidente impôs inúmeras sanções a empresas acusadas de equipar as forças de Moscou. No final de setembro, Washington inseriu em sua lista de restrições comerciais 11 companhias chinesas e cinco russas, segundo a agência Reuters. Também foram punidas entidades de TurquiaAlemanha e Finlândia.

Algumas das empresas teriam negociado inclusive a compra de tecnologia norte-americana para equipar os VANTs. Segundo investigação conduzida pela Reuters em parceria com o think tank britânico Royal United Services Institute (RUSI), a exportadora Asia Pacific Links Ltd., com sede em Hong Kong, que é território chinês, seria uma importante fornecedora de peças a Moscou.

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