O primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, disse que seu país não renovará um acordo com a Rússia que permite o trânsito pelo território ucraniano de gás natural que tem como destino a Eslováquia. O anúncio foi feito na segunda-feira (7), logo após o primeiro-ministro eslovaco Robert Fico dizer que não aprovará o ingresso de Kiev na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
De acordo com Shmyhal, a decisão não tem como objetivo punir Brastislava, mas sim privar o Kremlin dos lucros da venda de hidrocarbonetos, uma das ferramentas do governo russo para financiar a guerra na Ucrânia.
“Apelamos a todos os países europeus para que abandonem completamente o petróleo e o gás da Rússia. Entendemos a dependência aguda de alguns países, em particular a Eslováquia, desse recurso. Mas estamos contando com a diversificação gradual dos suprimentos”, disse o chefe de governo ucraniano.
O acordo vence no final deste ano e não será renovado, forçando o governo eslovaco a buscar uma solução emergencial. O próprio Shmyhal sugeriu uma solução, dizendo que diversificação das fontes de energia manterá o abastecimento eslovaco mesmo sem o produto proveniente da Rússia.
No mesmo encontro em que a decisão foi anunciada, Shmyhal e Fico assinaram quatro documentos de colaboração nos setores econômico, social e de defesa. “Eles preveem o suporte de estudantes e professores ucranianos na Eslováquia, cooperação direta entre instituições educacionais e cooperação no campo da inovação”, disse o premiê ucraniano.
Os acordos, entretanto, não escondem o distanciamento entre os dois governos. No domingo (6), Fico afirmou que, se depender dele, Kiev não receberá aval para ingressar na Otan mesmo após a guerra, conforme deseja a aliança. Ele prometeu usar sua influência sobre o parlamento eslovaco e o poder de veto como Estado-Membro da aliança para recusar qualquer tentativa de adesão ucraniana.
Fico tem evidenciado sua posição pró-Kremlin durante a guerra, se opondo às sanções impostas pelo Ocidente à Rússia e questionando o apoio da Otan à Ucrânia. Durante a campanha que o levou de volta ao poder há um ano, ele pregou a suspensão do envio de armas ao país invadido e a atribuição de responsabilidade pela guerra também ao Ocidente e a Kiev, não somente a Moscou.