A possibilidade de a Rússia voltar a competir nos Jogos Olímpicos sob sua própria bandeira reacendeu tensões diplomáticas entre Kiev e o Comitê Olímpico Internacional (COI). Em março, a ex-nadadora zimbabuana Kirsty Coventry, que assumirá a presidência do órgão em junho, declarou ser contrária à exclusão de países e propôs iniciar um debate sobre o retorno russo até 2026. A declaração gerou forte reação por parte do governo ucraniano, segundo o site Politico.
“Vamos conclamar a comunidade internacional a rejeitar qualquer tentativa de normalizar a presença de cidadãos russos e belarussos no esporte enquanto durar a guerra contra a Ucrânia”, afirmou Yuri Muzyka, vice-ministro dos Esportes da Ucrânia. Ele também apontou a ausência de autonomia esportiva na Rússia, onde atletas e dirigentes, segundo ele, atuam como peças de propaganda estatal.

Desde a invasão da Ucrânia por Moscou, em fevereiro de 2022, atletas russos estão proibidos de competir sob a bandeira nacional, decisão tomada pelo COI com base em seus próprios regulamentos. Em alguns esportes, como o atletismo e o hóquei, a exclusão é total, impedindo inclusive a qualificação para os Jogos.
Coventry, entretanto, argumenta que é incoerente barrar apenas alguns países em guerra, enquanto outros continuam participando normalmente. Para ela, é fundamental garantir que “todos os atletas” estejam “representados” nos Jogos.
O Kremlin, por sua vez, celebrou a eleição da ex-nadadora, vendo nela uma oportunidade para a reintegração esportiva do país. “Esperamos que, na era da nova líder, o movimento olímpico se fortaleça e que a Rússia retorne ao pódio olímpico”, afirmou Mikhail Degtyarev, ministro do Esporte e presidente do Comitê Olímpico Russo.
Mas Kiev alerta que o retorno da Rússia aos eventos esportivos internacionais não é apenas simbólico. “A Rússia politiza o esporte, despreza os valores olímpicos e os princípios do ‘fair play’ e usa o esporte para justificar sua guerra brutal contra a Ucrânia”, disse Muzyka.