A polícia polonesa não conseguiu agir a tempo e deixou escapar um suspeito de participação nos atos de sabotagem contra o gasoduto Nord Stream, ocorridos em setembro de 2022. Um mandado de prisão foi expedido pela Alemanha contra o indivíduo, mas ele fugiu da Polônia antes de ser preso. As informações são da agência Reuters.
Em setembro de 2022, explosões destruíram seções do gasoduto no Mar Báltico responsável por transportar gás natural russo para a Alemanha. Em novembro do ano passado, uma investigação do jornal The Washington Post apontou como responsável pela ação Roman Chervinsky, um coronel condecorado de 48 anos que serviu nas forças de operações especiais da Ucrânia.
Chervinsky gerenciou a logística e coordenou uma equipe de seis pessoas que seguiram em um veleiro até o ponto por onde passa o gasoduto. Eles usaram equipamentos de mergulho em alto mar para instalar as cargas explosivas.
Volodymyr Z é um dos mergulhadores acusados de realizar a ação, após ter sido recrutado pelo coronel. De acordo com a porta-voz do Ministério Público polonês Anna Adamiak, ele não foi preso “porque no início de julho deixou o território polonês, cruzando a fronteira entre a Polônia e a Ucrânia”.
Adamiak sugeriu que o suspeito conseguiu fugir graças a uma falha administrativa. “A travessia livre da fronteira polonesa-ucraniana pela pessoa acima mencionada foi possível porque as autoridades alemãs não o incluíram no banco de dados de pessoas procuradas, o que significa que a Guarda de Fronteira polonesa não tinha conhecimento nem motivos para deter Volodymyr Z”.
Mais dois suspeitos foram citados pelo governo alemão em sua investigação: um homem e uma mulher cujas identidades são mantidas em sigilo. Eles são instrutores de mergulho, como Volodymyr Z, mas ao menos até agora não há mandados de prisão contra eles.
Os dutos Nord Stream são responsáveis pelo abastecimento de 40% do gás natural consumido pelos alemães. Apesar de serem propriedade da estatal russa Gazprom, outras cinco empresas europeias investiram metade dos recursos: Shell, Uniper, OMV, Wintershall e Engie.
Ucrânia sob suspeita
A investigação do The Washington Post sugeriu o envolvimento da inteligência da Ucrânia, alegando que a sabotagem comprometeu a capacidade da Rússia de vender gás e gerou perda financeira relevante. Porém, ao mesmo, aumentou drasticamente os preços da energia pagos pelos principais aliados de Kiev, em especial Berlim.
Kiev, entretanto, negou envolvimento e redirecionou as acusações a Moscou. “Tal ato só pode ser realizado com amplos recursos técnicos e financeiros. E quem possuía tudo isso na época do bombardeio? Somente a Rússia”, disse o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak à Reuters nesta quinta-feira (15).
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também havia negado anteriormente seu envolvimento nas explosões, afirmando em junho de 2023, ao jornal alemão Bild, que “nunca faria isso”. A investigação do jornal concordou que a sabotagem foi planejada sem o conhecimento dele.