Ucranianos ‘vivem com medo constante’ de bombardeios, segundo enviado da ONU

Estima-se que cerca de 13 milhões de pessoas estão retidas nas áreas afetadas ou incapazes de sair devido ao risco elevado

A violência em curso na Ucrânia deixou milhões de pessoas “com medo constante” de bombardeios indiscriminados, alertou a ONU nesta sexta-feira (25), enquanto os esforços continuam para ajudar as populações mais vulneráveis ​​do país, um mês depois da invasão russa.

Mais de 3,7 milhões de pessoas fugiram do país, mas “estima-se que cerca de 13 milhões de pessoas estão retidas nas áreas afetadas ou incapazes de sair devido a riscos de segurança elevados, destruição de pontes e estradas, bem como falta de recursos e informações sobre onde encontrar segurança e acomodação”, disse Karolina Lindholm Billing, representante da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) na Ucrânia.

Falando de Lviv, Billing acrescentou que milhões de ucranianos “vivem com medo constante de bombardeios indiscriminados e pesados”, em meio ao ataque sistemático contra cidades, vilas, hospitais, escolas e abrigos que os forçou a se abrigar em bunkers, dia e noite.

A ONU atua para alcançar as populações de maior risco “no leste da Ucrânia, em Kharkiv, Donetsk e Luhansk, bem como no sul, Kherson e Kiev”, explicou a funcionária da ACNUR. “Eles estão bloqueados nessas áreas cercadas ou onde as estradas estão agora inacessíveis, devido a minas e, por exemplo, veículos queimados. Esta tem sido uma das razões pelas quais é tão difícil chegar a Mariupol”.

Foto publicada por Roman Skliarov mostra prédio residencial em Mariupol (Foto: reprodução/Twitter)

Ecoando essa terrível avaliação, o PMA (Programa Mundial de Alimentos) da ONU explicou que a cadeia de abastecimento alimentar do país estava “quebrada”. O porta-voz do órgão, Tomson Phiri, disse que os sistemas existentes que alimentam dezenas de milhões presos na Ucrânia estavam “desmoronando, com caminhões e trens destruídos, aeroportos bombardeados, pontes derrubadas, supermercados esvaziados e armazéns esvaziados”.

O PMA também alertou que a situação é mais desesperadora do que nunca em Mariupol. “A cidade cercada de Mariupol está ficando sem suas últimas reservas de comida e água”, disse Phiri. “Nenhuma ajuda humanitária foi permitida na cidade desde que foi cercada em 24 de fevereiro. A única maneira de chegar a Mariupol é através de comboios humanitários que até agora não conseguiram passar”.

Cercado, ficando sem água

Enquanto isso, o número de civis mortos continua aumentando, disse a chefe da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, Matilda Bogner. “O dano e a destruição esmagadores estão sendo causados ​​por armas, armas explosivas, com amplas áreas de impacto”, disse ela, falando de Uzhhorod, no oeste. “Os ataques acontecem diariamente e é isso que a população civil está sofrendo, porque estão sendo usados ​​em áreas povoadas.”

Bogner disse que o número de mortos, bem como o sofrimento humano em cidades, vilas e vilarejos em toda a Ucrânia, está aumentando “dia após dia” e que a natureza indiscriminada dos ataques – nos quais o uso de munições cluster (que explodem no ar e derrubam dezenas de pequenas bombas) pelas forças russas foi confirmado, e potencialmente pelas forças ucranianas – foram potenciais violações do direito internacional humanitário.

Desde que as forças armadas russas lançaram seus ataques em 24 de fevereiro, pelo menos 1.035 civis foram mortos e pelo menos 1.650 ficaram feridos, disse a funcionária do escritório de direitos humanos da ONU, acrescentando que o número “provavelmente é muito maior em locais onde houve combates intensos, em particular Mariupol e Volnovakha. Se olharmos para Mariupol, claramente o número de mortes de civis é significativamente maior”.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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