Os países da União Europeia (UE) devem elevar seus investimentos em defesa a um total de 326 bilhões de euros em 2024, o equivalente a 1,9 % do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco. Trata-se de um recorde histórico, que marca o décimo ano consecutivo de crescimento dos gastos militares. Os dados constam de relatório da Agência Europeia de Defesa (EDA), publicado na quarta-feira (4), com informações reproduzidas pelo site Politico.
Em 2023, o gasto militar dos países membros já alcançou 279 bilhões de euros, representando um aumento de 10% em relação ao ano anterior. A expectativa é a de que o salto em 2024 seja ainda mais significativo, com uma projeção de aumento de 17% à medida que os países do bloco buscam fortalecer suas capacidades de defesa diante da guerra da Rússia contra a Ucrânia e das preocupações gerais com a segurança de longo prazo.
Embora o investimento eleve a despesa média com defesa a um patamar inédito, o volume está longe de atingir o nível de investimentos realizados pelos Estados Unidos, principal aliado das nações europeias.
Também fica abaixo do piso estabelecido pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que é de 2% do PIB nacional. Atualmente, 23 dos 27 países da UE integram a aliança militar. Ficam de fora somente Irlanda, Áustria, Chipre e Malta, que mantêm uma posição de pretensa neutralidade desde os tempos da Guerra Fria.
Apesar do aumento de gastos em 22 países da UE no último ano, o diretor-executivo da EDA, Jiri Sedivy, ressaltou que ainda existem problemas sobre como esse financiamento adicional está sendo utilizado.
“Uma grande parte é gasta em equipamentos de prateleira comprados fora da União Europeia”, afirmou Sedivy, defendendo mais compras conjuntas dentro do bloco e uma atenção renovada à indústria de defesa europeia.
De acordo com a autoridade, a aquisição conjunta é vantajosa tanto para economizar recursos quanto para promover maior independência do bloco.
“Comprar juntos economiza dinheiro, enquanto desenvolver ativos juntos nos torna mais independentes. Eu acolho o aumento dos investimentos em pesquisa, mas a Europa ainda está atrás dos EUA e da China em pesquisa e tecnologia de defesa”, alertou.