O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, afirmou que a Rússia poderá ser reintegrada às economias e redes energéticas ocidentais caso o conflito na Ucrânia seja resolvido, destacando os esforços do presidente dos EUA, Donald Trump, para mediar o fim da guerra. Segundo Orbán, Trump iniciou uma mudança significativa nas relações entre os países ocidentais e a Rússia, o que, na visão do premiê, poderá resultar no retorno de Moscou ao Ocidente. As informações são da Associated Press.
Em comentários feitos à rádio estatal húngara na última sexta-feira, Orbán sugeriu que um acordo de paz mediado por Trump poderia levar a Rússia a ser reintegrada na economia global, no sistema de segurança europeu e nas redes energéticas da Europa, o que, de acordo com ele, traria um grande impulso para a economia da Hungria.
“Se o presidente americano fizer a paz, se um acordo for firmado, acredito que a Rússia será reintegrada ao sistema econômico e energético europeu”, afirmou Orbán, que tem laços próximos tanto com Trump quanto com o presidente russo Vladimir Putin. “Isso será uma grande oportunidade para a economia húngara. O que ganhamos com a paz é muito.”

Orbán, um crítico ferrenho da postura ocidental em relação à Ucrânia e das sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia, elogiou os esforços de Trump para mediar um acordo de paz com Putin, afirmando que o ex-presidente dos EUA tem o desejo de encerrar o conflito e buscar a estabilidade global.
Em um telefonema entre Trump e Putin na quarta-feira, os dois líderes concordaram em iniciar negociações para encerrar a guerra, o que encerrou um esforço de três anos liderado pelos EUA para isolar a Rússia. A notícia levantou preocupações em Kiev e em várias capitais europeias sobre a possibilidade de um acordo ser alcançado sem a participação direta dessas nações.
Em sua fala, Orbán destacou que os Estados Unidos estavam promovendo uma transformação no sistema de valores e de argumentos do mundo ocidental, o que ele chamou de “tornado Trump”. “Esse processo está avançando mais rapidamente do que muitos imaginavam”, comentou o premiê húngaro.
A Hungria, ao contrário da maioria dos países da UE, ainda mantém uma forte dependência do petróleo e gás russos, mesmo após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022. Orbán tem sido um crítico das sanções do bloco econômico que visam o setor energético da Rússia e tem defendido a manutenção das relações energéticas com Moscou.
Nesta sexta-feira (14), o primeiro-ministro húngaro também fez previsões sombrias sobre o futuro da União Europeia, sugerindo que a instituição pode desmoronar caso os preços de energia não sejam reduzidos. “Se os alemães e franceses não encontrarem uma solução e colocarem a União Europeia em um novo caminho, ela vai desmoronar por si mesma”, concluiu Orbán.