Wagner Group tentou recrutar mercenários em ao menos dois países da Otan

Polônia prendeu dois suspeitos de atuarem a serviço da organização russa, enquanto a Letônia identificou uma campanha online

Primeiro foi a Polônia. Agora, a Letônia também identificou uma campanha do Wagner Group, esta em curso na internet, para recrutar letões interessados em servir à organização paramilitar privada ligada ao governo da Rússia. As informações são da revista Newsweek.

Segundo o Serviço de Segurança do Estado (VDD, na sigla em letão), a campanha parece se resumir ao ambiente digital, sobretudo em redes sociais, onde propagandas de recrutamento convidam cidadãos do país a se juntarem ao grupo mercenário.

Evgeny Prigozhin (esquerda), chefe do Wagner Group: em busca de recrutas (Foto: vk.com/altaywagner)

O procedimento é diferente do identificado por Varsóvia, que anunciou na segunda-feira (14) a prisão de dois homens, formalmente acusados de espionagem, por distribuírem material de recrutamento.

Os detidos na Polônia tinham em seu poder cerca de três mil folhetos e adesivos do grupo mercenário que seriam distribuídos em cidades polonesas. O material convocava interessados a se juntarem ao Wagner, exibindo um Código QR que levava a um site de recrutamento da entidade.

“O VDD não detectou adesivos de recrutamento do Wagner semelhantes aos descobertos na Polônia ou outros materiais de propaganda do Wagner Group em espaços públicos na Letônia”, disse o serviço secreto letão ao revelar a campanha online de propaganda.

A legislação da Letônia proíbe que residentes no país, sendo ou não cidadãos locais, sirvam às forças armadas ou a organizações paramilitares de outras nações ameaçando a segurança nacional. É o caso do Wagner Group, considerado um grupo hostil aos interesses de Riga.

Otan em alerta

Nos últimos meses, Belarus recebeu membros do Wagner Group que deixaram a Rússia após o fracassado motim realizado pelo grupo. A situação colocou em alerta os países vizinhos que são membros da  Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), entre eles Polônia e Letônia.

Os dois governos, bem como a  Lituânia, ameaçaram inclusive fechar suas fronteiras com o território belarusso, único acesso do país à União Europeia (UE), caso tenham problemas com os mercenários.

A situação é especialmente tensa com a Polônia, um dos principais apoiadores da Ucrânia na guerra contra a Rússia. Belarus, por sua vez, é antigo aliado de Moscou, tendo inclusive fornecido seu território para a passagem das tropas russas que invadiram o território ucraniano no dia 24 de fevereiro de 2022.

A crise entre Polônia e Belarus é anterior à guerra e teve início em 2021. Varsóvia acusou Minsk de enviar à região de fronteira milhares de migrantes provenientes de países como Afeganistão, Iraque, Síria, Irã e Iêmen, de forma a criar problemas não apenas ao governo polonês, mas também à UE.

A Letônia voltou a enfrentar o problema nesta semana, tendo relatado na terça-feira (15) que em 24 horas houve 96 tentativas de travessia da fronteira por migrantes ilegais provenientes de Belarus. Assim, segundo a agência Reuters, o Ministério da Defesa ordenou ao exército que ajude a proteger a linha divisória com o território belarusso.

A agencia de segurança de fronteira do governo letão alega ter “informações sobre um possível aumento de ameaças híbridas” provenientes de Belarus, referindo-se ao caso dos migrantes.

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