Autoridades da Malásia invadem emissoras para ‘investigação’

Governo malaio diz investigar documentário que denuncia maus tratos a imigrantes durante pandemia

Autoridades da Malásia invadiram os escritórios da Al-Jazeera, rede de televisão e agência de notícias do Catar e outras duas emissoras de Kuala Lumpur, Astro e Unifi TV, na última terça (4).

O motivo seria uma investigação sobre o documentário ‘Locked Up in Lockdown na Malásia‘, que que denuncia maus tratos a milhares de migrandes sem documentos detidos durante a pandemia, afirmou o jornal de Singapura “The Straits Times”.

Ao alegar "investigação" autoridades da Malásia invadem meios de comunicação
Para governo da Malásia, documentário produzido pela Al-Jazeera é injusto e impreciso. Produção está disponível no Youtube (Foto: Reprodução Al Jazeera/Youtube)

De acordo com a Al-Jazeera, emissora baseada na capital catari Doha, dois computadores foram apreendidos.

“Conduzir uma invasão em nosso escritório e apreender computadores é uma escalada preocupante na repressão das autoridades à liberdade de imprensa“, disse o diretor da instituição, Giles Trendle, em nota. “Só mostra o quanto eles estão preparados para tentar intimidar jornalistas.”

Além da apreensão, um repórter e funcionários da Al-Jazeera também foram interrogados pelas autoridades malaias.

Caça às bruxas

O Perikatan Nasional, liderado pelo premiê Muhyiddin Yassin, vem investindo contra a liberdade de imprensa do país desde a chegada ao poder, em março.

O governo da Malásia considerou o documentário “impreciso, enganoso e injusto”. Como consequência, a polícia iniciou uma “caçada” a um dos entrevistados, Rayhan Kabir, de Bangladesh.

Preso em 25 de julho, Kabir teve sua permissão de trabalho revogada e deve ser deportado. O seu ex-empregador, também bengali, também deve ser investigado, informou o jornal local “Malay Mail“.

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