Cientistas alertam que a saúde da Terra está em seu pior momento

Especialistas alertam que a vida no planeta corre perigo e cobram uma transição rápida e equitativa em direção a um futuro sustentável

Cientistas internacionais alertam que a saúde do planeta está em perigo, e os “sinais vitais” da Terra estão piores do que nunca. A afirmação foi sustentada no estudo sugestivamente intitulado Entrando em Território Desconhecido, que fez o acompanhamento de 35 indicadores climáticos e chegou à conclusão de que 20 deles atingiram níveis críticos, incluindo emissões de gases de efeito estufa, temperaturas globais e aumento do nível do mar. As informações são do jornal The Guardian.

Além disso, população humana e pecuária também são fatores conectados à piora desse cenário. Em 2023, muitos recordes climáticos foram quebrados com grandes margens, incluindo altas temperaturas, tanto no ar como nos oceanos, e a diminuição significativa da extensão do gelo marinho da Antártida. Em julho, a temperatura mais alta em décadas foi registrada, indicando um quadro preocupante para o planeta.

Os cientistas também mencionaram incêndios florestais excepcionais no Canadá, que liberaram uma quantidade recorde de dióxido de carbono: um bilhão de toneladas, equivalente à produção anual do Japão, o quinto país que mais polui no mundo.

Incêndio em Pine Gulch em 2020, o maior incêndio florestal da história do estado do Colorado, nos EUA (Foto: National Interagency Fire Center/Flickr)

Diante da situação, os cientistas instaram a adoção de uma economia global que priorize a saúde humana, e reduza o consumo excessivo e as emissões dos países mais ricos. Em 2019, os 10% principais emissores foram responsáveis por quase metade das emissões mundiais.

Christopher Wolf, da Universidade Estadual do Oregon (OSU, da sigla em inglês) nos EUA, principal autor do relatório, fez um sério alerta. Ele enfatizou que, a menos que sejam tomadas medidas para lidar com o problema fundamental da exploração excessiva da Terra pela humanidade, a população global “seguirá por um caminho perigoso em direção ao colapso dos sistemas naturais e socioeconômicos”. E acrescentou que isso resultaria em um mundo com temperaturas insuportáveis, escassez de alimentos e água.

Ele também destacou que até o ano 2100, um grande contingente de 3 a 6 bilhões de pessoas poderia se encontrar fora das áreas adequadas para habitação na Terra, sujeitas a calor extremo, fome e morte.

“Durante várias décadas, os cientistas alertaram consistentemente para um futuro marcado por condições climáticas extremas causadas pelas atividades humanas em curso”, afirma o relatório. “Infelizmente, o tempo acabou. Estamos a empurrar os nossos sistemas planetários para uma instabilidade perigosa”.

O relatório ressaltou eventos de graves inundações na China e na Índia, ondas de calor extremas nos EUA e uma tempestade no Mediterrâneo que causou milhares de mortes na Líbia. Além disso, apontou que, em meados de setembro, houve 38 dias com temperaturas médias globais superiores a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, o objetivo de longo prazo para conter a crise climática, algo raramente visto até este ano.

Medidas apropriadas

Políticas recomendadas pelos cientistas incluem a redução progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis, o reforço da preservação das florestas, a promoção de dietas à base de vegetais nos países mais desenvolvidos e a adoção de acordos internacionais visando à interrupção de novos projetos de carvão, bem como a redução gradual da utilização de petróleo e gás.

Além disso, eles enfatizam a necessidade de estabilizar e gradualmente reduzir a população humana, promovendo a igualdade de gênero por meio do planejamento familiar voluntário, do apoio à educação e dos direitos das mulheres e meninas, o que contribuirá para a diminuição das taxas de fertilidade.

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