Comércio global movimentou US$ 32 trilhões e viu crescer a demanda por produtos verdes

Bens ecologicamente corretos mais buscados são veículos elétricos e híbridos, embalagens livres de plástico e turbinas eólicas

Os consumidores estão, cada vez mais, interessados em produtos sustentáveis e ecologicamente corretos. Esta é aposta da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolviment (Unctad).

Na quinta-feira (23), a agência lançou a Atualização do Comércio Global, indicando que a demanda pelos produtos que poluem menos aumentou no ano passado. Apesar dos desafios, o volume do comércio global foi de US$ 32 trilhões.

Alessandro Nicita, economista da Unctad e um dos autores do relatório, afirmou que esses produtos protegem o meio ambiente e lutam contra a mudança climática. Somente no segundo semestre, a alta foi de 4%, alcançando US$ 1,9 trilhão.

Dentre os bens estão veículos elétricos e híbridos, embalagens livres de plástico e turbinas eólicas, aquelas que utilizam a energia do vento.

A análise da Unctad é publicada poucos dias após a divulgação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC). No documento, os especialistas alertaram para a urgência da redução em pelo menos a metade das emissões que causam o efeito estufa até 2030. Sem esse passo, não será possível limitar o aumento da temperatura em 1,5º C acima dos níveis pré-industriais.

Carro elétrico sendo carregado em Londres (Foto: Alan Trotter/Flickr)
Estagnação do comércio em 2023

A agência da ONU acredita que o panorama para o comércio neste ano permanece incerto. O motivo são tensões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia, e o alto preço das commodities, além de níveis recordes da dívida pública. Um outro fator são as taxas de juros altas. Tudo isso deve levar a uma estagnação do comércio global já na primeira metade deste ano.

Para a Unctad, pode haver melhoras ou fatores mais positivos no segundo semestre de 2023 com um dólar americano mais fraco, o que pode gerar uma estabilização dos custos de transporte e menos interrupções na cadeia de fornecimento, puxando para uma alta do comércio.

E, apesar das incertezas, o aumento da demanda para os chamados produtos verdes deve prosseguir, provocada pela mobilização por uma ação climática global.

Valor da energia verde deve quadruplicar até 2030

O último relatório da Unctad sobre Tecnologia e Inovação, divulgado na semana passada, mostra o começo de uma “revolução verde” no comércio.

A agência afirma que o mercado para carros elétricos, energia solar e eólica, hidrogênio verde e outras tecnologias mais ambientais deve quadruplicar em valor até 2030, chegando a US$ 2,1 trilhões.

Com isso, os padrões comerciais internacionais devem refletir a transição para a economia verde.

Consequências negativas por falta de atenção

Mas a pesquisa também faz um alerta sobre países desenvolvidos que estão aproveitando a maior parte das oportunidades econômicas das tecnologias ambientalmente corretas, enquanto as nações em desenvolvimento ficam para trás.

Segundo a Unctad, perder essa onda verde por causa de falta de atenção e políticas ou até mesmo de investimento levará a consequências negativas de longo prazo.

Dentre as recomendações que faz, a agência da ONU conclama a comunidade internacional a apoiar indústrias emergentes verdes em economias em desenvolvimento por meio de regras de comércio global e transferência de tecnologia.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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