Conselheira especial da ONU insta Estados a responsabilizar autores de genocídio

Segundo Alice Nderitum, nações que recebem criminosos devem processá-los ou extraditá-los para que respondam pelas atrocidades

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

O  conselheiro especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para a Prevenção do Genocídio está pedindo aos Estados que hospedam fugitivos que os processem ou extraditem por crimes internacionais em uma declaração divulgada na segunda-feira (5), que destacou o genocídio de Ruanda em 1994 e o genocídio de Srebrenica em 1995.

“Somente quando todos os perpetradores forem responsabilizados poderemos manter as expectativas que todas as vítimas têm: que suas vozes sejam ouvidas e seu sofrimento reconhecido, e que haja justiça pelos crimes cometidos contra seus entes queridos”, afirmou a Conselheira Especial Alice Wairimu Nderitu.

O genocídio de Ruanda em 1994, alimentado por décadas de tensões étnicas, resultou no massacre de  mais de um milhão de tutsis e hutus moderados por milícias extremistas hutus e civis.

Um pai busca por seu filho desaparecido com o auxílio da Cruz Vermelha durante o genocídio em Ruanda em 1994 (Foto: WikiCommons)

Enquanto isso, o genocídio de Srebrenica em 1995 ocorreu durante a Guerra da Bósnia, quando o exército sérvio-bósnio executou sistematicamente mais de oito mil homens e meninos muçulmanos bósnios dentro e ao redor da cidade de Srebrenica, que havia sido declarada uma  área segura pela ONU.

Embora tribunais internacionais em Ruanda e na antiga Iugoslávia tenham liderado esforços para responsabilização por tais crimes, hoje ainda há mais de mil genocidas foragidos de Ruanda e milhares de suspeitos de crimes de guerra da antiga Iugoslávia que continuam foragidos, de acordo com Nderitu.

Ligar a responsabilização à prevenção

A conselheiro especial enfatizou a forte conexão entre responsabilização e prevenção, alertando que a falta de responsabilização por transgressões passadas plantará as sementes para violações do futuro.

Ela destacou o genocídio como o mais grave de todos os crimes devido à sua intenção de “apagar um grupo nacional, étnico, racial ou religioso da face da Terra”, acrescentando que “as rodas da justiça devem continuar girando, as vozes das vítimas devem continuar sendo ouvidas, e todos os perpetradores devem ser responsabilizados por suas ações”.

A justiça é essencial, mas não suficiente

Igualmente imperativo, na opinião da conselheiro especial, é a necessidade de promover a cura e a reconciliação depois que a voz da justiça tiver falado e os veredictos tiverem sido emitidos.

“A justiça é um pré-requisito essencial para a cura e a reconciliação, mas não é suficiente”, afirmou ela, acrescentando que construir um futuro livre de crimes do passado exige esforços sustentados tanto daqueles em posições de liderança quanto de todos os cidadãos dentro de suas respectivas comunidades. 

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