O ano de 2026 desponta como um ponto de inflexão decisivo na política internacional. Conflitos prolongados, disputas tecnológicas, tensões regionais e o reposicionamento estratégico das grandes potências indicam que o sistema global atravessa mais do que uma simples transição: vive uma reconfiguração profunda do poder. As informações da CNN.
A seguir, uma análise dos principais eixos geopolíticos que devem moldar o cenário internacional em 2026, com impactos diretos sobre segurança, economia e tecnologia.

Venezuela e o teste da hegemonia americana
Os Estados Unidos mantêm hoje o maior contingente militar no Caribe desde a crise dos mísseis de Cuba. A mobilização inclui porta-aviões, destróieres, forças anfíbias e bombardeiros estratégicos, em meio a uma escalada de ações contra o narcotráfico e ao endurecimento do cerco ao governo de Nicolás Maduro.
A estratégia do governo Donald Trump, descrita como um “Corolário Trump” à Doutrina Monroe, busca reafirmar os EUA como potência predominante no Hemisfério Ocidental. O desfecho do impasse venezuelano em 2026 será um termômetro crucial: a permanência de Maduro enfraqueceria a credibilidade americana; sua saída consolidaria uma nova postura intervencionista de Washington na região.
Guerra na Ucrânia entra no quinto ano
Em fevereiro, a invasão russa da Ucrânia completa cinco anos. Apesar de perdas humanas estimadas em mais de um milhão de baixas, Vladimir Putin mantém a ofensiva no leste do país, sem sinal claro de recuo.
O quinto ano de guerra costuma ser historicamente um momento de virada, seja rumo a negociações, seja a uma escalada mais arriscada. O governo Trump busca um acordo que envolva garantias de segurança à Ucrânia em troca de concessões territoriais, mas Moscou ainda não demonstra disposição para aceitar esse caminho. O impasse pode ser decidido menos no campo de batalha e mais em Washington.
Taiwan no centro da disputa entre EUA e China
A rivalidade entre Estados Unidos e China ganha contornos cada vez mais concretos em torno de Taiwan. Washington aprovou recentemente o maior pacote de armas da história para a ilha, enquanto Beijing acelera sua preparação militar para uma possível invasão até 2027.
Taiwan é peça-chave da economia global, responsável por grande parte da produção mundial de semicondutores. Uma crise no Estreito de Taiwan poderia gerar perdas estimadas em até US$ 10 trilhões. A cúpula entre Trump e Xi Jinping, prevista para 2026, será observada de perto: nela, Taiwan pode deixar de ser apenas tema diplomático e se tornar moeda central de negociação estratégica.
Israel e eleições que podem redefinir o Oriente Médio
Militarmente, Israel enfraqueceu Hamas, Hezbollah e o eixo regional apoiado pelo Irã. Politicamente, porém, permanece travado por divisões internas e por um governo sustentado por uma coalizão estreita e polarizadora.
As eleições parlamentares previstas para 2026 podem determinar se Israel converterá seus ganhos militares em avanços diplomáticos duradouros. Um novo governo de unidade aumentaria as chances de expansão dos Acordos de Abraão, incluindo uma possível normalização com a Arábia Saudita. A manutenção do atual cenário, por outro lado, tende a prolongar a instabilidade.
Irã fragilizado e imprevisível
O Irã chega a 2026 em sua posição mais vulnerável desde a Revolução Islâmica de 1979. Suas redes regionais foram desmanteladas, o programa nuclear interrompido e o país enfrenta crise econômica, escassez de água e incerteza política.
A sucessão do líder supremo Ali Khamenei, de 86 anos, é uma incógnita. Um regime enfraquecido pode tanto colapsar internamente quanto reagir com ações externas arriscadas, incluindo ataques indiretos contra Israel. O fator iraniano segue como uma das principais fontes de imprevisibilidade global.
O retorno do terrorismo internacional
Após anos fora do centro do debate estratégico, o terrorismo volta a crescer. Dados recentes indicam aumento de ataques e mortes desde 2022, impulsionados por conflitos no Oriente Médio e pela reorganização de redes extremistas como o Estado Islâmico (EI).
Casos recentes na Austrália, nos Estados Unidos e na Síria reforçam o alerta. Especialistas em segurança avaliam que 2026 pode consolidar essa tendência, caso não haja reforço na cooperação internacional e na prevenção à radicalização.
Inteligência artificial e a nova corrida tecnológica
A inteligência artificial (IA) tornou-se um dos principais vetores de poder global. Em 2025, a China surpreendeu ao lançar modelos avançados de IA a custos significativamente menores, abalando mercados financeiros e a percepção de liderança tecnológica dos EUA.
A disputa envolve não apenas inovação, mas infraestrutura, energia e cadeias globais de suprimentos. Os Estados Unidos enfrentam gargalos internos, como limitações na geração de eletricidade para sustentar data centers, enquanto tentam equilibrar controles de exportação e parcerias estratégicas.
Em 2026, a IA deve intensificar o atrito entre avanços tecnológicos acelerados, debates políticos internos e rivalidades geopolíticas, consolidando-se como uma das forças mais determinantes do século.
Por que 2026 importa
Da América Latina ao Indo-Pacífico, passando pelo Oriente Médio, Europa Oriental e pelo campo da inteligência artificial, 2026 reúne múltiplos pontos de inflexão simultâneos. Mais do que um ano de transição, ele pode redefinir alianças, esferas de influência e os próprios limites do poder global no mundo pós-Guerra Fria.