A maior parte do globo esteve mais seca do que o normal em 2021, com “efeitos em cascata nas economias, ecossistemas e nossas vidas diárias”, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM) na terça-feira (29).
De acordo com o primeiro relatório sobre recursos hídricos globais divulgado pela agência, as áreas que estavam excepcionalmente secas incluíam a área do Rio de la Plata, na América do Sul, onde uma seca persistente afetou a região desde 2019.
Na África, grandes rios como o Níger, Volta, Nilo e Congo tiveram fluxo de água abaixo da média em 2021. A mesma tendência foi observada em rios em partes da Rússia, Sibéria Ocidental e na Ásia Central.
Por outro lado, houve volumes de rios acima do normal em algumas bacias da América do Norte, no norte da Amazônia e na África do Sul, bem como na bacia do rio Amur, na China, e no norte da Índia.
Na África, rios como Níger, Volta, Nilo e Congo tiveram descarga abaixo do normal em 2021, junto com partes da Rússia, Sibéria Ocidental e na Ásia Central.
A OMM disse que 3,6 bilhões de pessoas têm acesso inadequado à água pelo menos um mês por ano e que isso deve aumentar para mais de cinco bilhões até 2050.
“Os impactos das mudanças climáticas são muitas vezes sentidos através da água: secas mais intensas e frequentes, inundações mais extremas, chuvas sazonais mais erráticas e derretimento acelerado das geleiras. Com efeitos em cascata nas economias, ecossistemas e todos os aspectos de nossas vidas diárias”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. “E, no entanto, não há compreensão suficiente das mudanças na distribuição, quantidade e qualidade dos recursos de água doce”.
O relatório, segundo ele, “visa a preencher essa lacuna de conhecimento e fornecer uma visão concisa da disponibilidade de água em diferentes partes do mundo”. E acrescentou: “Isso informará os investimentos em adaptação e mitigação do clima, bem como a campanha das Nações Unidas para fornecer acesso universal nos próximos cinco anos a alertas precoces de perigos como inundações e secas”.
Entre 2001 e 2018, a ONU (Organização das Nações Undias) informou que 74% de todos os desastres naturais foram relacionados à água.
Tema da Cop27
A recente conferência sobre mudanças climáticas da ONU, COP27, no Egito, instou os governos a integrar ainda mais a água nos esforços de adaptação, sendo esta a primeira vez e, que a água foi mencionada em um documento final da COP, em reconhecimento à sua importância crítica.
Além das variações do fluxo do rio, o armazenamento geral de água terrestre foi classificado como abaixo do normal na costa oeste dos Estados Unidos, no centro da América do Sul e Patagônia, norte da África e Madagascar, Ásia Central e Oriente Médio, Paquistão e norte da Índia. Foi acima do normal na África Central, no norte da América do Sul, especificamente na Bacia Amazônica, e no norte da China.
“No geral, as tendências negativas são mais fortes do que as positivas”, alertou a OMM, com vários hotspots emergentes, incluindo a Patagônia, as cabeceiras do Ganges e do Indo, bem como o sudoeste dos EUA.
A criosfera, ou seja, geleiras, cobertura de neve, calotas polares e, quando presente, permafrost, é o maior reservatório natural de água doce do mundo.
“Mudanças nos recursos hídricos da criosfera afetam a segurança alimentar, a saúde humana, a integridade e a manutenção do ecossistema e levam a impactos significativos no desenvolvimento econômico e social”, disse a OMM. Às vezes, isso causa inundações devido a explosões de lagos glaciares.
Com o aumento das temperaturas, o escoamento anual da geleira geralmente aumenta no início, até que um ponto de inflexão, muitas vezes chamado de “pico de água”, é atingido, após o qual o escoamento diminui.
As projeções de longo prazo do escoamento da geleira e o momento do pico de água são insumos essenciais para as decisões de adaptação de longo prazo, acrescentou a OMM.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News