Mais de 50 mil pessoas morreram em viagens migratórias em oito anos, segundo a OIM

Mais de nove mil dos corpos reconhecidos eram de africanos, e mais da metade do total das mortes ocorreu em rotas para e na Europa

A Organização Internacional para Migrações (OIM) confirmou mais de 50 mil mortes em viagens migratórias ocorridas em todo o mundo desde 2014. Este ano marca o início dos registros do Projeto de Migrantes Desaparecidos da entidade.

A agência publicou um novo relatório indicando que houve pouca ação dos governos dos países de origem, trânsito e destino das vítimas para enfrentar a crise global  de migrantes desaparecidos.

A nacionalidade de mais 30 mil vítimas fatais é desconhecida, uma indicação de que mais de 60% dos que morrem em rotas migratórias sem serem identificados deixam milhares de famílias em busca de respostas.

Mais de nove mil dos corpos reconhecidos eram de africanos. A segunda região de origem é a Ásia, com mais de 6,5 mil. Outros três mil foram das Américas. Já entre os países, Afeganistão, Síria e Mianmar distinguem-se como focos de violência, sendo que muitas pessoas deixam suas casas em busca de refúgio no exterior.

Migrantes recuperados em travessia pelo Mar Mediterrâneo em 2019 (Foto: Acnur/F. Malavolta)

Mais da metade do total das mortes ocorreu em rotas para e dentro da Europa, sendo que no Mar Mediterrâneo foram ceifadas 25.104 vidas. A região registrou pelo menos 16.032 desaparecidos cujos restos mortais nunca foram recuperados.

A África é a segunda região com mais mortes de pessoas em movimento. Os números podem ser bem maiores do que os registros, defende a OIM. Outros quase sete mil óbitos foram documentados nas Américas, a maioria em rotas para os Estados Unidos, com 4.694.

Em relação à Ásia, com 6,2 mil perdas de vidas documentadas em rotas migratórias, as crianças perfazem 11% do total vidas perdidas sendo a maior proporção regional. Menores da minoria rohingya superaram a metade das 717 mortes de crianças durante a migração na região.

Na Ásia Ocidental, pelo menos 1.315 vidas foram perdidas em rotas migratórias. Muitas delas ocorreram em países com conflitos, o que torna difícil a documentação de migrantes desaparecidos. Pelo menos 522 pessoas que chegaram do Chifre da África morreram no Iêmen. A violência foi a principal causa, destacando-se as mortes de 264 sírios em tentativas de cruzar a fronteira para Turquia.

A OIM fez um apelo aos países para que observem as obrigações do direito internacional, incluindo o direito à vida. A agência pede atuação conjunta para prevenir e reduzir o aumento de mortes. As prioridades devem ser operações de busca e resgate, melhorar e expandir rotas regulares e seguras de migração e garantir que a governança da migração dê primazia à proteção e segurança das pessoas em movimento.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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