Mulheres na política levam a sociedades mais pacíficas, diz ex-líder da Assembleia Geral

Em todo o globo, apenas 25,5% dos assentos em Parlamentos são ocupados por mulheres, de acordo com dados da ONU

Neste ano de 2022, dezenas de países realizam eleições legislativas e presidenciais. Para a ONU Mulheres, mais uma vez, surge a chance, em várias partes do mundo, de aumentar a presença feminina em cargos eletivos. Em todo o globo, apenas 25,5% dos assentos em parlamentos são ocupados por mulheres. Os homens detêm ali três de cada quatro cadeiras.

O desnível na representação foi debatido em março deste ano durante a 66ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CSW, na sigla em inglês). Vários representantes dos países-membros da ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceram que mulheres sofrem mais hostilidade que homens, o que acaba desencorajando a participação delas na política. Outro problema são as plataformas digitais e o discurso de ódio direcionado a mulheres na política.

María Fernanda Espinosa, ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, recordou seu tempo como ministra da Defesa do Equador, uma área ainda dominada por homens. Para ela, a única saída é aumentar a participação feminina nas esferas de poder.

“As coisas estão melhorando, mas estou convencida de que, se tivermos mais mulheres ministras da Defesa e mais mulheres na política, teremos sociedades pacíficas e menos guerras. Não conheço na história grandes guerras que foram iniciadas por mulheres. Nós somos, naturalmente, arquitetas de pontes, de diálogo, de diplomacia”, disse ela.

Segundo ela, o tratamento dedicado às mulheres na política é diverso daquele reservado aos homens. “Eu recebi fortes comentários da opinião pública, com os meios de comunicação se preocupando mais com o que eu estava vestindo, se eu repetia uma roupa, do que com o conteúdo do que eu estava dizendo ou que o trabalho que estava fazendo. Eu creio que existe muito caminho a percorrer e acho que os meios de comunicação têm que ser aliados dessa luta pela igualdade e da presença de mulheres em espaços de decisão”.

A equatoriana María Fernanda Espinosa, ex-presidente da Assembleia Geral da ONU (Foto: Flickr)

Para a ex-presidente da Assembleia Geral, que também foi chanceler e embaixadora, a participação de mulheres ajuda a construir sociedades mais pacíficas. Espinosa integra desde que deixou a ONU o grupo Global Women Leaders Voice, que também conta com ex-subsecretárias-gerais das Nações Unidas.

Segundo a União Interparlamentar, até 1] de janeiro de 2021, apenas 5,9% dos chefes de Estado eram mulheres, ou seja, 9 de 152.  Já os governos liderados por mulher representavam 6,7%, ou seja, 13 de 193.

Durante o evento da CSW, em março, em Nova Yotk, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, pediu a todos os países que ajudem a tornar o ambiente político um local seguro para mulheres que queiram exercer seus direitos.

Para ela, não haverá avanços com a Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável enquanto as mulheres não assumirem seu espaço em tomadas de decisão e poder.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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