Na ONU, Portugal defende ‘um mundo onde fronteiras não se redefinem pela força’

Ministra da Defesa portuguesa cita 'invasão brutal ilegal' da Ucrânia pelas tropas da Rússia e reforça o apoio da Europa a Kiev

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A guerra na Ucrânia fez Portugal priorizar o reforço da sua capacidade defensiva, antecipar metas na preparação militar e fortalecer a atuação com outros países europeus. A conclusão é da ministra da Defesa Nacional portuguesa, Helena Carreiras.

Após participar de sessões especiais no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os dois anos da invasão de ampla escala da Rússia na Ucrânia, ela conversou com a ONU News e destacou os desafios para o futuro.

Segundo Helena Carreiras, a cooperação no bloco europeu envolve iniciativas como a compra conjunta de munições e a busca da interoperabilidade de equipamentos e infraestruturas militares. 

“Agora há um apelo a que se faça tudo isso mais rapidamente. Damo-nos conta que não temos muito tempo. Estamos de fato a trabalhar para apoiar a Ucrânia contra esta invasão brutal ilegal, para defender não apenas a Ucrânia, mas também os nossos países e, sobretudo, os valores do mundo em que queremos viver e em que queremos que os nossos filhos cresçam. Um mundo onde as fronteiras não se redefinem pela força. Um mundo onde cada país, cada povo, tem o direito a ser independente, à autodeterminação, à soberania, à integridade territorial”, disse ela. 

A ministra afirmou que sua participação em atividades na ONU teve como objetivo “renovar a mensagem” de apoio à Ucrânia.

Desenvolvimento de tecnologias

Carreiras explicou que Portugal atua no fornecimento de equipamento militar, incluindo carros de combate, veículos blindados de transporte, equipamento de comunicações, drones, geradores e lanchas rápidas, além de apoio em necessidades humanitárias e de saúde. 

A ministra destacou a capacidade de Portugal para o desenvolvimento de tecnologias em colaboração com a indústria e as universidades, com propósito militar e civil. 

Além do valor agregado para a economia do país, ela defende que essa contribuição tecnológica é “muito importante para o contexto da Ucrânia” e continuará sendo para as operações militares no futuro. 

Resistência, resiliência e reconstrução

Ao abordar a contribuição de Portugal com a população ucraniana afetada pela guerra, Helena Carreiras deu destaque para apoio a iniciativas voltadas à reconstrução do país. 

“Houve um contributo de 350 milhões de euros para a reconstrução de escolas na área de Zhytomyr, por exemplo, que é um projeto de reconstrução que está já no terreno, porque na Ucrânia, para além da resiliência enorme que demonstraram relativamente à resistência ao invasor, tem um foco muito forte já na própria reconstrução do país”, afirmou a ministra.

Helena Carreiras e o secretário-geral da ONU, António Guterres (Foto: twitter.com/defesa_pt)

A invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia começou em 24 de fevereiro de 2022. Mais de quatro milhões de pessoas foram deslocadas e seis milhões deixaram o país. Além disso, as infraestruturas, os postos de saúde e as escolas foram danificados.

Na última sexta-feira (23), em sessão do Conselho de Segurança sobre “Paz e Segurança na Ucrânia”, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “a guerra na Ucrânia continua a ser uma ferida aberta no coração da Europa.”

Na sessão da Assembleia Geral da ONU intitulada “A situação nos territórios ocupados da Ucrânia”, o presidente do órgão, Dennis Francis pediu aos países que apoiem o povo da Ucrânia “em sua busca por justiça e paz.”

A ministra da Defesa de Portugal discursou em ambos os eventos. 

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