Aliados ocidentais alertam que a escassez de munição pode afetar a Ucrânia na guerra

Chefe do Comitê Militar da Otan, Rob Bauer destacou a gravidade da situação e afirmou que 'o fundo do barril é visível'

As nações ocidentais que fornecem armamentos para Kiev estão enfrentando uma escassez crítica de munições, o que está prejudicando a capacidade ucraniana de se defender contra a invasão das forças de Vladimir Putin. A situação foi exposta durante uma conferência sobre defesa realizada na Polônia nesta semana. As informações são da rede BBC.

O alerta veio do almirante Rob Bauer, chefe do Comitê Militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que relatou a gravidade do momento durante o Fórum de Segurança de Varsóvia, realizado entre terça (3) e quarta-feira (4). “O fundo do barril é visível”, disse ele.

Bauer enfatizou a necessidade de governos e fabricantes de defesa aumentarem a produção de munições de forma significativa, já que Kiev depende cada vez mais do apoio da aliança militar para o fornecimento de projéteis, que são usados em grande quantidade diariamente.

Soldados ucranianos contam munição para carregar metralhadora PK (Foto: U.S. Army/Divulgação)

O almirante também afirmou que décadas de falta de investimento adequado resultaram em países da Otan fornecendo armas à Ucrânia com estoques de munição já escassos.

Ele sublinhou a urgência de adquirir grandes quantidades de munição, enquanto o modelo de economia just-in-time (sistema de gestão que busca minimizar o estoque de produtos e materiais, permitindo que sejam adquiridos e produzidos apenas quando necessário) estabelecido ao longo de 30 anos nas economias liberais não é adequado para as necessidades militares durante um conflito em curso.

A agência Reuters observou que a Otan pede o aumento na produção também de armas e equipamentos militares em geral. A aliança justifica que isso não visa somente a crescente demanda do conflito na Ucrânia, mas também se deve ao fato de os aliados estarem reforçando seus próprios arsenais.

Aliados se pronunciam

O ministro da Defesa do Reino Unido, James Heappey, expressou preocupação com a escassez de armamentos nos arsenais militares ocidentais e pediu aos aliados da Otan que cumpram o compromisso de gastar 2% de sua riqueza nacional em defesa, especialmente em um momento em que a Europa enfrenta uma guerra.

Os britânicos já forneceram mais de 300 mil cartuchos de munição de artilharia desde o início da invasão em fevereiro de 2022 e planejam fornecer mais no futuro. Os EUA também entregaram mais de dois milhões de munições de artilharia padrão da Otan à Ucrânia no mesmo período.

Em Washington, porém, o assunto é delicado, e a dependência de Kiev em relação às munições dos EUA levanta preocupações entre os aliados da Otan quanto à possibilidade de uma mudança na política norte-americana no caso de Donald Trump voltar à Casa Branca.

Já o ministro da Defesa sueco, Pol Jonson, falou sobre a importância de a Europa preparar sua indústria de defesa para apoiar a Ucrânia a longo prazo, considerando o esgotamento dos estoques de munição.

No que diz respeito ao inimigo, os analistas afirmam que, ao contrário, a Rússia parece estar melhor preparada para ajustar sua economia durante tempos de guerra para reabastecer seus próprios depósitos de armas.

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