ONU: Cresce número de processos judiciais por mudanças climáticas

Maioria das ações está nos EUA; judicialização deve pressionar governos para fazer valer compromissos climáticos

Este conteúdo foi publicado originalmente na agência ONU News, da Organização das Nações Unidas

Um novo relatório do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) indica que o número de processos judiciais sobre mudança climática quase dobrou nos últimos quatro anos.  

Já são 1.550 ações em 38 países. A maioria dos casos ocorre nos Estados Unidos. Em 2017, eram 884 processos em 24 nações. Em 2017, 654 tramitavam pelos tribunais norte-americanos e 230 em outras nações. 

Hoje, são 1,2 mil ações nos EUA e 350 no resto do mundo. “Cada vez mais pessoas recorrem aos tribunais para obrigar governos e empresas a respeitar e acelerar os compromissos sobre mudança climática”, diz a pesquisa.  

ONU: Cresce número de processos judiciais motivados por mudança climática
Área desmatada no Canadá, em 2019 (Foto: Unsplash/Roya Ann Miller)

Brasil 

Desde 2017, Brasil, Colômbia, Indonésia, Paquistão e África do Sul têm recebido mais casos de processos ligados à mudança climática. 

No Brasil, três ações judiciais contestam a anulação de regulamentos sobre exploração de madeira. Os processos busca reativar recursos reservados para combater o desmatamento na Amazônia e a mudança climática. 

Já na Colômbia, um grupo de jovens ganhou uma decisão da Suprema Corte que obrigou o Estado a desenvolver um plano para conter o desmatamento da Amazônia.  

A maioria das ações sobre mudança climática no mundo ocorre contra governos, incluindo autoridades nacionais e locais, mas as empresas também são visadas.  

ONU: Cresce número de processos judiciais motivados por mudança climática
Moradias destruídas por ciclone tropical nas ilhas Fiji em 2014 (Foto: UN Photo/Danielle Parry)

Risco 

Cidadãos, empresas, organizações não-governamentais e até governos locais processam instituições por não protegerem dos efeitos de enchentes, incêndios florestais e outros desastres relacionados ao clima. 

Até o momento, nenhum tribunal ordenou pagamento de indenização por mudança climática. O relatório alerta, porém, que empresas estatais e privadas correm risco de multa se ignorarem os efeitos do aquecimento global em suas operações. 

O relatório concluiu que o litígio está sendo usado para forçar as empresas a divulgar os riscos relacionados ao clima e impedir governos de enfraquecer a legislação ambiental existente. 

“Este estudo nos mostra como estão obrigando governos e atores corporativos a buscar metas mais ambiciosas de mitigação e adaptação à mudança climática”, disse a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen. “Esta onda de casos climáticos está gerando uma mudança muito necessária”.

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