Os 193 países que integram a OPNU (Organização das Nações Unidas) adotaram nesta semana uma declaração política que reforça compromissos para acelerar medidas práticas pela igualdade de gênero. O documento, aprovado por unanimidade na abertura da reunião anual da Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW, na sigla em inglês), reconhece que a participação ativa de homens e meninos é essencial para que o objetivo seja atingido. As informações são da agência Associated Press (AP).
A declaração marca os 30 anos da Conferência Mundial sobre Mulheres de Beijing, que estabeleceu diretrizes para a promoção de direitos femininos em diversas áreas, desde combate à violência até garantia de direitos reprodutivos. Embora reconheça avanços em muitos países, o texto admite que nenhuma nação alcançou a plena igualdade, com progressos “lentos e desiguais”, especialmente diante de novos desafios impostos por questões como inteligência artificial e violência online.

Durante a abertura do encontro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, chamou a atenção para o retorno do que chamou de “veneno do patriarcado”, destacando a gravidade da atual situação.
“O veneno do patriarcado está de volta, e está de volta com força total: travando a ação, destruindo o progresso e transformando-se em novas e perigosas formas”, alertou ele, citando especificamente o aumento de casos de violência sexual e a persistência da desigualdade salarial global, que ainda gira em torno de 20%.
O relatório mais recente da ONU Mulheres reforçou esse alerta, indicando que quase um quarto dos governos admitiram enfrentar retrocessos nos direitos das mulheres apenas no último ano. Segundo a diretora de políticas da agência, Sarah Hendriks, os dados provavelmente subestimam o problema, refletindo um cenário cada vez mais hostil para mulheres e meninas ao redor do mundo.
Ao encerrar o evento, o embaixador da Arábia Saudita e presidente da Comissão, Abdulaziz Alwasil, destacou que, três décadas após Beijing, a igualdade de gênero permanece um compromisso urgente, exigindo ações imediatas.
“O verdadeiro progresso exige uma governação inclusiva, investimentos sustentados e uma vontade política inabalável”, disse Alwasil, reforçando que a próxima indicação para secretário-geral da ONU, cargo nunca ocupado por uma mulher, é uma oportunidade para os países transformarem discursos em ação.