Países em desenvolvimento têm lacuna trilionária nos objetivos de desenvolvimento sustentável

Investimento em energias renováveis ​​quase triplicou desde o Acordo de Paris, mas as nações mais pobres foram deixadas de fora

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Um futuro verde permanecerá fora de alcance se o mundo não ajudar os países em desenvolvimento a fechar uma lacuna de US$ 4 trilhões em investimentos para a transição energética, alertou nesta quarta-feira (5) a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

De acordo com a secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan, um “aumento significativo” no apoio material para energia renovável nos países em desenvolvimento é “crucial” para que o mundo alcance suas metas climáticas até 2030.

Embora o investimento em energias renováveis ​​tenha quase triplicado desde a adoção do Acordo de Paris há quase oito anos, as nações mais pobres foram deixadas de fora.

Grynspan disse que mais de 30 países em desenvolvimento não registraram um único investimento internacional em geração de energia renovável de tamanho utilitário desde que o tratado histórico sobre mudança climática foi adotado em 2015.

De acordo com a UNCTAD, a quantidade de investimento estrangeiro direto em energia limpa atraída pelos países em desenvolvimento em 2022 foi de US$ 544 bilhões, bem abaixo das necessidades.

Projeto de armazenamento de energia solar em Moçambique (Foto: Creative Commons)
Desaceleração no financiamento dos ODS

Uma boa notícia do relatório é que as empresas de energia entre as cem maiores multinacionais do mundo têm se voltado cada vez mais para as energias renováveis ​​e alienado ativos de combustíveis fósseis a uma taxa de cerca de US$ 15 bilhões por ano. 

No entanto, o relatório também mostra um ritmo geral mais lento de investimento em energia renovável em 2022, “à medida que os acordos internacionais de financiamento de projetos diminuíram”.

Nos países em desenvolvimento, as maiores lacunas nos investimentos relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram em infraestrutura de energia, água e transporte, disse a UNCTAD.

Desafios para o investimento estrangeiro direto

O investimento estrangeiro direto (IED) também está em declínio, de acordo com a UNCTAD, já que os fluxos globais caíram 22% em 2022, para US$ 1,3 trilhão. Nos Países Menos Desenvolvidos, a grande maioria dos quais na África, os fluxos de IDE caíram até 16%. 

O relatório da UNCTAD diz que a desaceleração foi impulsionada por “crises sobrepostas”: a guerra na Ucrânia, alta dos preços dos alimentos e energia e pressões da dívida. 

Com esses fatores ainda em jogo durante 2023, a agência disse que espera que a “pressão descendente sobre o IDE global” continue este ano.

Novo ‘compacto’ para investimento

O relatório pede a implementação de uma série de políticas e mecanismos de financiamento para ajudar os países em desenvolvimento a atrair os investimentos necessários.

A UNCTAD enfatizou a importância do alívio da dívida para as economias em desenvolvimento, para fornecer-lhes o espaço fiscal necessário para gastos com energia limpa e para ajudar a reduzir as classificações de risco do país, um pré-requisito para atrair investimentos privados.

A agência também recomendou a redução do custo de capital para investimentos em energia limpa por meio de parcerias entre investidores internacionais, setor público e instituições financeiras multilaterais – uma medida que pode reduzir em até 40% o spread dos custos de empréstimos para projetos de investimento em energia em países em desenvolvimento.

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