Mudança climática coloca 80 milhões de pessoas sob risco de fome, diz autoridade da ONU

Chefe de direitos humanos diz que “nenhum país será poupado” e cobra ação imediata para impedir que vida no planeta se torne “irreconhecível”

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O alto comissário da ONU (Organização das Nações Unidas) para direitos humanos, Volker Turk, disse que o direito à alimentação está sendo “amplamente ameaçado pela mudança climática”. 

Na sessão do Conselho de Direitos Humanos de segunda-feira (3), Turk enfatizou que os eventos climáticos extremos, sejam repentinos ou graduais, estão “destruindo plantações, rebanhos, pescas e ecossistemas inteiros.”

Ele lembrou que mais de 828 milhões de pessoas passaram fome em 2021. E, agora, a crise climática pode colocar 80 milhões de pessoas a mais em risco de fome até a metade deste século. 

Turk conta que, atualmente, os impactos são mais sentidos por pequenos agricultores e pessoas na África Subsaariana, na Ásia e na América Latina. Ele disse que, com a aceleração do aquecimento, esses impactos irão se espalhar e “nenhum país será poupado.”

O alto comissário fez um apelo para que as crianças não recebam “um futuro de fome e sofrimento”. 

De acordo com ele, a geração atual dispõe das “ferramentas tecnológicas mais poderosas da história” para impedir o aquecimento do planeta em níveis que podem tornar a comida, a água e a vida humana “irreconhecíveis”.

O alto comissário pediu que a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP 28, seja o “ponto de virada que o mundo tanto precisa.” Ele também destacou o papel dos tribunais que atuam em litígios climáticos em fazer com que empresas e governos respondam por seus atos.

Ashley Mailey Bravo Vasquéz, seis anos de idade, da Guatemala (Foto: Unicef)
Futuro mais seguro

Em mensagem para outro evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que a ciência afirma ainda ser possível limitar o aumento da temperatura global a 1,5º C. 

No vídeo exibido na abertura da sessão do Comitê de Proteção do Ambiente Marinho, ele lembrou que a indústria naval é responsável por 3% das emissões globais de gases do efeito estufa. Epediu que o encontro, em Londres, no Reino Unido, tenha como resultado a aprovação da Estratégia de Gases Poluentes, estabelecendo o compromisso do setor em zerar as emissões no máximo até 2050.

O líder da ONU acredita que o encontro do Comitê é uma chance não apenas de criar um futuro mais próspero para a indústria marítima, mas também “um futuro mais seguro para a humanidade.”

Regulação de produtos químicos

Também começa nesta segunda-feira, em Bangkok, na Tailândia, a reunião do Grupo de Trabalho das Partes Membras do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio. 

O acordo, assinado em setembro de 1987, e é um marco na cooperação multilateral, pois regula o consumo e a produção de quase cem produtos químicos. O Protocolo eliminou em até 99% a circulação dessas substâncias nocivas para a camada de ozônio. 

O encontro na Tailândia avalia os resultados da implementação do acordo em 2022, reforça medidas de combate ao comércio ilegal dos produtos banidos e discute as necessidades de financiamento para ações a partir de 2024. 

Tags: