Rápido recuo de geleiras gera preocupação com abastecimento de água no mundo

Derretimento afeta manutenção de recursos hídricos sobretudo em áreas de montanha, que abastecem dois bilhões de pessoas

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Em muitas regiões do planeta, aquilo que costumava ser chamado de “gelo eterno” não sobreviverá até o final do século 21, de acordo com dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Cinco dos últimos seis anos testemunharam o recuo mais rápido de geleiras já visto. Além disso, o período de 2022 a 2024 registrou a maior perda de massa glacial em um intervalo de três anos.

Um dos desafios ambientais mais urgentes do nosso tempo

De acordo com o Relatório Mundial de Desenvolvimento Hídrico da ONU de 2025, as montanhas fornecem até 60% dos fluxos anuais de água potável.

Com as geleiras em todo o mundo derretendo a taxas sem precedentes, os países estão cada vez mais preocupados com a manutenção dos recursos hídricos.

De 29 a 31 de maio, a OMM realizou, em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), uma conferência internacional de alto nível sobre o tema.

O evento, realizado em Dushanbe, no Tajiquistão, enquadrou o derretimento das geleiras como um dos desafios ambientais mais urgentes do nosso tempo.

Geleira na Sibéria (Foto: Sergei Pesterev/Unsplash)
Aumento de ambição na COP30

No país anfitrião, cerca de 30% das geleiras desapareceram no último século e a maior geleira continental do mundo encolheu 44 quilômetros quadrados.

Quase todos os países do mundo são afetados pelo problema. A Amazônia brasileira, alimentada por geleiras andinas, está em grave seca. Eventos extremos, como derretimento rápido de neve, inundações e deslizamentos de terra, atingem países como Alemanha, Peru e Nepal.

As nações reunidas na conferência debateram como a ligação entre geleiras e mudanças climáticas oferece uma oportunidade para aumentar a ambição de mitigação na COP30, a 30ª Conferencia da ONU sobre Mudança Climática, que será em novembro, no Brasil.

O objetivo do encontro foi ressaltar a urgência de deter o derretimento acelerado e o recuo das geleiras e promover mais ações globais colaborativas, por meio do alinhamento de políticas e da inovação científica.

Mais de dois bilhões dependem da água da montanha

Atualmente, existem mais de 275 mil geleiras no mundo, que cobrem aproximadamente 700 mil quilômetros quadrados. Juntamente com as camadas de gelo, elas armazenam cerca de 70% dos recursos globais de água doce.

Ao todo, mais de um bilhão de pessoas vivem em regiões montanhosas e mais de dois bilhões dependem diretamente da água que vem das montanhas para seu abastecimento, saneamento e subsistência.

Na dimensão econômica, as regiões montanhosas são vitais para setores como pastoreio, silvicultura, turismo e produção de energia.

Nos países andinos, 85% da energia hidrelétrica é gerada em áreas montanhosas. Esses locais naturais também fornecem itens de alto valor, como plantas medicinais, madeira e produtos agrícolas especializados, todos dependentes de água.

Em dezembro de 2022, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2025 como o Ano Internacional da Preservação das Geleiras, encarregando a OMM e a Unesco de realizar atividades sobre o tema. 

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