Rede social X, antigo Twitter, é acusada de conceder contas premium a terroristas

Líder do Hezbollah, com mais de 23 mil seguidores, foi um dos extremistas a pagar pelo selo verificado da rede social de Elon Musk

Relatório divulgado por uma ONG voltada a estudos na internet aponta que a rede social X, antigo Twitter, de propriedade do magnata Elon Musk, concedeu benefícios de assinatura premium a indivíduos e grupos terroristas designados e a outras entidades proibidas de operar nos EUA. As informações são da rede BBC.

O Tech Transparency Project (TTP) descobriu que o X concedeu selos azuis de verificação a cerca de 28 contas vinculadas a membros declarados do Hezbollah, entre outros. Por US$ 8 (cerca de R$ 39) por mês, a marca de verificação permite posts mais longos e maior alcance.

De acordo com o documento, com 23 mil seguidores, o líder do grupo terrorista libanês, Hassan Nasrallah, era um dos que possuíam uma conta verificada. O mesmo ocorreu com o movimento iemenita Houthi, também conhecido por Ansarallah, designado pelo governo norte-americano como terrorista, e com diversas organizações de mídia associadas a governos como Rússia e Irã.

O dono do X e CEO da SpaceX Elon Musk durante coletiva de imprensa em 2018 (Foto: Daniel Oberhaus/WikiCommons)

O recebimento de dinheiro pelo X para conceder benefícios, possivelmente até a monetização de terroristas cujas postagens podem se tornar virais, é considerado altamente controverso. Diante da situação, a rede social removeu alguns desses perfis, afirmando que sua segurança é “robusta”.

O X afirmou que algumas contas mencionadas no relatório não estão diretamente ligadas às listas de sanções, enquanto outras têm marcações de verificação sem receber serviços sujeitos a sanções. Após analisar o relatório do TTP, a empresa afirmou que tomará medidas, se necessário.

A decisão de Musk de cobrar por marcas de verificação foi uma das mudanças mais controversas que ele fez depois de comprar o Twitter em 2022, com críticos dizendo que a medida pioraria o controle da desinformação, abrindo a plataforma para impostores.

Anteriormente gratuito, o selo azul servia para indicar que a plataforma de mídia social havia verificado a identidade por trás da conta. Muitos dos beneficiários eram jornalistas, assim como líderes mundiais e celebridades.

Em alguns casos, essas pessoas que receberam a verificação estavam sujeitas a sanções nos EUA, o que gerou críticas à empresa por fornecer uma plataforma a indivíduos inadequados, levando ainda a acusações de violação das leis de sanções dos EUA.

Agora que o sistema é pago, no entanto, o Tech Transparency Project aponta que podem surgir novas questões legais. A verificação de alguns perfis requer documentos para confirmar a identidade, o que gera controvérsias quando envolve indivíduos considerados inimigos dos Estados Unidos, onde a rede social está sediada.

Musk, proprietário do X e também presidente-executivo da gigante automobilística Tesla, já expressou anteriormente o desejo de que a plataforma de mídia social seja uma “praça da cidade”, garantindo a liberdade de expressão enquanto remove conteúdo ilegal.

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