Assessor de Netanyahu é preso acusado de vazar informações que teriam prejudicado cessar-fogo

O primeiro-ministro negou irregularidades cometidas por sua equipe, mas a oposição e famílias de reféns acusam o governo de Israel

A polícia de Israel prendeu um importante assessor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, sob a acusação de vazar informações confidenciais para a mídia estrangeira. Eliezer Feldstein, o membro da equipe governamental em questão, é acusado de compartilhar documentos confidenciais com a imprensa internacional, o que teria dificultado um acordo de cessar-fogo com o Hamas. As informações são da CNN.

Líderes da oposição afirmam que as informações foram manipuladas para melhorar a imagem de Netanyahu, após ele não conseguir estabelecer um cessar-fogo em Gaza.

A investigação está centrada em acusações de que o gabinete do primeiro-ministro teria informado a mídia estrangeira sobre um suposto plano do Hamas para transferir reféns para o Egito. Esse vazamento teria como objetivo criar tensões dentro da sociedade israelense, forçando Netanyahu a tomar medidas para liberar os reféns e negociar um cessar-fogo.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na sede da ONU em Nova York EUA, em imagem de 2018 (Foto: UN Photo/Cia Pak)

Netanyahu negou qualquer envolvimento no caso, e um porta-voz do gabinete afirmou que não houve vazamento algum. O porta-voz também classificou como “ridícula” a ideia de que um vazamento teria influenciado as negociações para a libertação dos reféns com o Hamas.

Em uma das primeiras declarações sobre o caso, o gabinete do primeiro-ministro afirmou na sexta-feira (1°) que nenhum membro de seu escritório foi interrogado ou detido. No sábado, no entanto, o gabinete informou que Feldstein nunca participou de discussões de segurança nem teve acesso a informações confidenciais. Além disso, o gabinete acusou as autoridades de conduzir uma investigação parcial e tendenciosa, destacando que várias reportagens foram publicadas com base em vazamentos durante a guerra, sem consequências.

As famílias dos reféns acusaram Netanyahu de impedir várias vezes um acordo com o Hamas, alegando que ele teme que, se a guerra em Gaza acabar, ele será pressionado a convocar novas eleições.

Vazamentos chapa branca

Os supostos vazamentos resultaram em dois artigos publicados em setembro, um no Jewish Chronicle do Reino Unido e outro no jornal alemão Bild. Ambos citaram fontes da inteligência israelense e sustentaram uma narrativa favorável a Netanyahu.

Esses artigos foram publicados durante as negociações para um cessar-fogo e a libertação de reféns, em um momento em que milhares de israelenses protestavam quase diariamente, pressionando o governo a firmar um acordo com o Hamas para trazer os reféns de volta.

As manifestações aumentaram após o exército israelense anunciar, em 1º de setembro, que seis israelenses foram mortos em Gaza, sendo que quatro deles estavam entre os que seriam libertados na primeira fase de um possível acordo.

Yair Lapid e Benny Gantz, líderes da oposição israelense, acusaram o gabinete de Netanyahu de ser responsável pelos supostos vazamentos, que consideram uma falha grave no governo. Gantz chamou o vazamento de “crime nacional” e acusou Netanyahu de usá-lo para ganho político, enquanto Lapid sugeriu que pode ter sido intencional, após o fracasso das negociações de reféns com o Hamas no início do ano.

Lapid suspeita que a equipe de Netanyahu tenha divulgado e falsificado documentos secretos para prejudicar um possível acordo de reféns, e afirmou que a investigação deve verificar se isso foi feito sob ordens do próprio primeiro-ministro.

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