Ataque a bomba mata uma pessoa em evento para jornalistas no Afeganistão

Um agente de segurança foi morto na explosão reivindicada pelo EI-K, que também feriu cinco jornalistas e três crianças

O Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), principal rival do Taleban no Afeganistão, reivindicou no domingo (12) a autoria de um ataque a bomba que matou um agente de segurança e feriu um grupo de jornalistas e crianças na cidade de Mazar-i-Sharif, no norte do país. As informações são da agência Al Jazeera.

O ataque ocorreu no sábado (11) em um evento realizado em homenagem aos jornalistas afegãos. De acordo com o grupo radical, que é a ramificação local do Estado Islâmico (EI), um pacote-bomba causou a explosão. Além do agente de segurança morto, a polícia informou que cinco jornalistas e três crianças se feriram.

“A explosão teve como alvo uma manifestação realizada dentro de um centro xiita para recompensar vários jornalistas que trabalham em agências envolvidas na guerra e na instigação contra o EI”, disse o comunicado.

Homem-bomba do EI-K no Afeganistão: violência crescente (Foto: reprodução de vídeo)

A ação do EI-K ocorreu dois dias depois de um homem-bomba matar o governador da província de Balkh, Mohammad Dawood Muzammil, a mais alta figura do regime talibã morta desde que o grupo radical assumiu o poder no Afeganistão, em agosto de 2021.

As mortes ocorrem em meio à crescente onda de violência que atinge o Afeganistão desde a ascensão do Taleban. Isso colocou o grupo inclusive na mira de entidades humanitárias globais, que o criticam pela inabilidade no campo da segurança.

Em setembro do ano passado, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório destacando a ineficiência dos talibãs em sua obrigação de proteger a população local, especialmente algumas minorias xiitas. O documento forca sobretudo nos hazaras, comunidade originária da região de Hazarajat e alvo preferencial do EI-K.

Agentes estatais talibãs, como Muzammil, também estão entre as vítimas habituais do grupo terrorista, que ultimamente tornou-se uma ameaça inclusive para estrangeiros. Isso tem gerado uma enorme dor de cabeça ao Taleban, com governos aliados cobrando mais eficiência dos governantes pela segurança de corpos diplomáticos e empresários.

No início de fevereiro, o governo da Arábia Saudita evacuou diplomatas do país por questão de segurança. Já cidadãos da China estiveram em perigo duas vezes: em janeiro, quando um ataque ocorreu perto da embaixada do país em Cabul, e em dezembro de 2022, quando um hotel frequentado sobretudo por chineses foi alvo.

Por que isso importa?

Embora tenha ganhado notoriedade somente após o Taleban ascender ao poder, o EI-K não é novo no cenário afegão. O grupo extremista opera no Afeganistão desde 2015 e surgiu na esteira da criação do EI do Iraque e da Síria. Foi formado originalmente por membros de grupos do Paquistão que migraram para fugir da crescente pressão das forças de segurança paquistanesas.

Agora que a ocupação estrangeira no Afeganistão terminou e que o antigo governo foi deposto pelo Taleban, os principais alvos do EI-K têm sido a população civil e os próprios talibãs, tratados como apóstatas pelo Khorasan, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática.

Os ataques suicidas são a principal marca do EI-K, que habitualmente tem uma alta taxa de mortes por atentado. O mais violento de todos eles ocorreu durante a retirada de tropas dos EUA e da Otan, quando as bombas do grupo mataram 182 pessoas na região do aeroporto de Cabul.

Não há diferença substancial entre EI e EI-K, somente o local de origem, a região de Khorasan, originalmente parte do Irã.

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