Ataque de drones turcos deixa 16 pessoas mortas na Síria, sendo uma delas civil

governo da Turquia confirmou a operação, mas diz que se concentrou em "destruir alvos terroristas"

Umas ação militar coordenada pelo governo da Turquia deixou seis pessoas mortas em áreas controladas pelos curdos no norte e nordeste da Síria. A informação foi divulgada na quinta-feira (15) pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo que monitora a guerra com uma rede de fontes locais, e reproduzida pelo site The Defense Post.

“A Turquia aumentou significativamente seus ataques com drones desde o início da semana”, disse Rami Abdel Rahman, que chefia o Observatório. Os alvos principais foram as cidades de Tal Rifaat e Manbij, que são controladas pelos curdos e já haviam sido apontadas por Ancara como potenciais alvos.

O governo da Turquia confirmou a operação, mas diz que se concentrou em “destruir alvos terroristas”. Entre as vítimas fatais estão quatro combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão de milícias curdas apoiada pelo governo dos EUA no país do Oriente Médio.

As FDS representam a força armada do governo curdo e têm como principal objetivo o enfrentamento ao Estado Islâmico (EI), que foi derrotado na Síria em 2019, mas ainda mantém pequenas células no país. Daí o suporte de Wasgington. O vil morto no ataque era um funcionário da administração curda em Manbij.

O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan em 2015 (Foto: Presidência da Federação Russa/Divulgação)
Por que isso importa?

A Turquia é parte interessada e ativa na guerra civil da Síria, que já dura mais de 12 anos. O conflito opõe Rússia e Irã, aliados do presidente Bashar Al-Assad, a Ancara, que apoia os rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) na luta contra o governo. Em um terreno obscuro no meio surgem as FDS.

Ancara considera essa aliança um problema, porque classifica a YPG (Unidade de Proteção do Povo), ligada às FDS, como organização terrorista. A YPG é tida também como braço armado do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), que por sua vez luta pela autonomia curda na Turquia.

Segundo o ministro da Defesa turco Hulusi Akarem, em 35 anos, a “campanha de terror” da milícia curda já matou mais de 40 mil militares e civis, inclusive mulheres, crianças e bebês. O objetivo do governo é “exterminar o grupo”, disse ele.

Na guerra civil, a oposição apoiada pelos turcos e por líderes ocidentais exige a queda de Assad, a quem acusa de crimes contra a humanidade. Apoiadores de Assad, por outro lado, criticam o que consideram uma interferência de Washington com o intuito de derrubar o presidente.

Após sofrer duras perdas no início do conflito, Assad conseguiu reconquistar território graças à ajuda de seus aliados. A última região com forte presença da oposição armada inclui áreas da província de Idlib e partes das províncias vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia.

Em 2020 foi estabelecida uma trégua intermediada por Rússia e Turquia. Ela inclui os rebeldes e as forças do governo, enquanto grupos extremistas como o EI não fazem parte do pacto.

Apesar da trégua, ataques esporádicos continuam a ocorrer, inclusive com operações militares aéreas lideradas por Moscou. Nesse período, Ancara conseguiu consolidar sua influência no norte da Síria, o que ajudou a evitar uma nova etapa de combates e controlou o fluxo de refugiados.

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