Ataque no Mar Vermelho atinge embarcações comerciais e navio militar dos EUA

Washington diz que considera respostas apropriadas direcionadas especialmente ao Irã, que dá suporte aos rebeldes houthis

No domingo (3), os rebeldes xiitas houthis, do Iêmen, lançaram mísseis balísticos que atingiram três navios no Mar Vermelho. Em resposta ao pedido de socorro, um navio de guerra dos EUA derrubou três drones, conforme informado pelos militares norte-americanos. O grupo iemenita, que é apoiado pelo Irã, reivindicou a responsabilidade por dois dos ataques, segundo a agência Associated Press.

Os incidentes representam uma escalada nos ataques marítimos relacionados ao conflito entre Israel e Hamas. Pela primeira vez, vários navios foram alvo de um único ataque houthi. Washington prometeu considerar respostas apropriadas, especialmente direcionadas ao Irã, aumentando as tensões devido ao avanço rápido do programa nuclear de Teerã ao longo dos anos.

As ofensivas recentes, declarou o Comando Central militar dos EUA (Centcom), não apenas representam uma ameaça direta ao comércio internacional e à segurança marítima, mas também “colocam em perigo a vida de tripulações internacionais” que representam diversas nações. O comunicado acrescentou que há fortes indícios de que os ataques são amplamente apoiados pelo regime iraniano.

O USS Carney, um destróier da Marinha dos EUA, identificou um míssil balístico lançado pelos Houthi em direção ao graneleiro Unity Explorer, registrado nas Bahamas. O míssil atingiu próximo ao navio, conforme relatado pelas forças norte-americanas. Logo depois, o Carney interceptou um drone que se aproximava, embora não esteja claro se o destróier era o alvo, segundo informações do Centcom.

USS Carney dispara seu canhão durante um exercício de tiro real (Foto: Official U.S. Navy Page/Flickr)

Cerca de 30 minutos depois, outra embarcação comercial, o Unity Explorer, foi atingido por um míssil. Respondendo a um pedido de socorro, o Carney abateu outro drone. O Comando Central relatou danos mínimos no Unity Explorer causados pelo míssil.

Os graneleiros panamenhos Number 9 e Sophie II foram atingidos por mísseis, conforme relatado pelo Centcom. O Number 9 sofreu alguns danos, sem vítimas, enquanto o Sophie II não apresentou estragos significativos. Em resposta, o USS Carney abateu outro drone enquanto se dirigia para ajudar o Sophie II.

O Carney, que não sofreu danos nem relatou feridos, já havia interceptado foguetes dos Houthis durante conflitos anteriores.

“Resistência”

Pelas redes sociais, os Houthis emitiram um comunicado onde afirmaram que a marinha do grupo atacou dois navios israelenses, mas os militares israelenses negaram qualquer conexão dos navios com Tel Aviv. Recentemente, um porta-voz dos rebeldes enfatizou que o grupo continuará suas operações militares contra Israel até que a agressão contra a Faixa de Gaza seja interrompida.

Os Houthis controlam partes do Iêmen desde 2014, desencadeando uma guerra civil. Recentemente, os rebeldes atacaram navios vinculados a Israel no Mar Vermelho devido ao conflito em Gaza entre o país e o Hamas, grupo extremista também apoiado pela República Islâmica. Eles se consideram parte de um “eixo de resistência”, opondo-se a Tel Aviv, aos EUA e ao Ocidente.

No início desta semana, os EUA informaram que seu navio de guerra deteve homens armados que capturaram um petroleiro vinculado a Israel ao largo da costa do Iêmen. Na ocasião, dois mísseis foram disparados contra a embarcação da Marinha norte-americana a partir de território controlado pelos Houthis.

Por que isso importa?

Os Houthis têm estado envolvidos em conflitos armados no Iêmen, incluindo confrontos com o governo central e outros grupos rebeldes.

Uma das principais fontes de tensão tem sido a marginalização percebida dos Houthis no cenário político e econômico do Iêmen. Em 2014, os insurgentes capturaram a capital iemenita, Sanaa, e outras áreas, levando a um conflito mais amplo que envolve intervenção militar de países vizinhos.

Além das tensões locais, os Houthis são frequentemente associados ao Irã, alimentando a preocupação de uma possível influência iraniana na região. No entanto, os rebeldes também têm motivações locais e uma agenda própria no contexto iemenita.

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