Ataque israelense atingiu base aérea ocupada pela Rússia na Síria, diz grupo de direitos humanos

Organização síria relata uma operação israelense com mísseis e drones nas proximidades da Base Áerea de Khmeimim

Um grande ataque realizado pelas forças de Israel teria atingido uma base aérea ocupada por tropas da Rússia na Síria. A informação foi divulgada pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês), um grupo britânico que tem representantes no país do Oriente Médio. Não está claro, entretanto, qual a extensão dos danos e se houve vítimas.

“Drones desconhecidos, que ainda não se sabe se foram lançados de dentro do território sírio ou do mar, realizaram ataques aéreos contra um depósito de munições perto da cidade de Jablah, na zona rural de Lattakia, perto da maior base aérea russa na Síria”, diz a organização, acrescentando que a base foi atingida.

Jato da força aérea da Rússia na Síria (Foto: syria.mil.ru)

O SOHR afirma que as explosões causadas pelo ataque israelense “foram ouvidas de longe”, com navios e aviões supostamente das forças de Israel identificados nas proximidades. As defesas aéreas do regime de Bashar al-Assad, apoiado por Moscou, e as forças russas teriam confrontado os mísseis por mais de 40 minutos.

De acordo com o jornal The Jerusalem Post, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) Avichay Adraee afirmou nesta quinta-feira (3) que o Hezbollah vem contrabandeando armas desde o território sírio para o Líbano, através da passagem de fronteira de Masnaa. Isso teria justificado a ofensiva israelense.

O serviço secreto dos Estados Unidos fez acusação semelhante em novembro de 2023, ao sugerir que al-Assad teria concordado em fornecer ao Hezbollah um sistema de defesa antimísseis russo. De acordo com duas fontes ouvidas pela rede CNN na oportunidade, a entrega ficaria sob a responsabilidade da organização mercenária russa Wagner Group, que opera no país arrasado por uma guerra civil.

O sistema em questão é o SA-22, que utiliza mísseis antiaéreos e canhões de defesa aérea para interceptar aeronaves. Acredita-se que vários deles tenham sido implantados na Síria, sendo que alguns deles já foram alvos de ataques israelenses em outros anos.

A Rússia e a guerra civil síria

A presença russa na Síria se explica pelo apoio de Moscou a al-Assad na guerra civil, em um polo que tem também o Irã. Do outro lado está a Turquia, que apoia os rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) na luta contra o governo.

Uma trégua intermediada por Rússia e Turquia foi estabelecida em 2020, incluindo os rebeldes e as forças do governo, mas deixando de fora grupos extremistas como o Estado Islâmico (EI).

O pacto reduziu as hostilidades, mas ataques esporádicos continuam a ocorrer, inclusive com operações militares aéreas lideradas por Moscou. Nesse período, Ancara conseguiu consolidar sua influência no norte da Síria, o que ajudou a evitar uma nova etapa de combates mais intensos.

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