EUA interrompem envio de bombas a Israel justificando evitar vítimas em Rafah

Suspensão temporária ocorre conforme o Estado judeu se prepara para lançar um ataque em grande escala contra o sul de Gaza

O governo Biden tomou a decisão de interromper os envios de dois tipos de bombas de precisão para Israel. A ação representa a objeção dos Estados Unidos sobre o potencial uso delas em operações das forças israelenses em Rafah, cidade do sul da Faixa de Gaza que abriga muitos refugiados, de modo a evitar vítimas civis palestinas, conforme comunicado por uma fonte oficial de Washington. As informações são da rede Fox News.

Segundo a autoridade, um carregamento de 1,8 mil bombas pesando duas mil libras e 1,7 mil bombas de 500 libras, potencialmente destinadas ao uso em Rafah, considerada o último reduto do grupo terrorista Hamas, foi suspenso temporariamente pelo governo.

A posição da Casa Branca é simples, de acordo com o comunicado: Israel está sendo desencorajado de lançar uma grande operação terrestre na cidade que faz fronteira com o Sinai, no Egito. E isso se deve ao fato de que mais de um milhão de pessoas na região estão refugiadas e não têm para onde ir.

Rafah, cidade entre Gaza e o Egito (Foto: WikiCommons)

A fonte acrescentou que Washington está em diálogo com Israel sobre como abordar as necessidades humanitárias em Rafah e “enfrentar o Hamas de maneira distinta nessa área de Gaza”. No entanto, acrescentou, essas discussões “ainda não resolveram todas as preocupações”.

“À medida que os líderes israelenses se aproximam de uma decisão sobre uma possível operação em Rafah, começamos a analisar propostas específicas de transferência de armas para Israel, visando seu uso em Rafah, desde abril”, disse a autoridade.

A suspensão da munição dos EUA para Israel foi relatada após dois funcionários israelenses informarem ao site de notícias Axios que essa suspensão ocorreu pela primeira vez desde o ataque do Hamas em 7 de outubro contra Israel.

Nas últimas semanas, líderes israelenses têm alertado sobre uma possível invasão em Rafah, apesar de declarações públicas dos EUA e outros países desencorajando tal operação terrestre. Enquanto isso, a administração do presidente Joe Biden tem apelado por um plano abrangente para proteger os mais de um milhão de civis que estão abrigados na cidade, visando evitar uma escalada da crise humanitária já existente no enclave.

Na terça-feira, tanques israelenses adentraram a Faixa de Gaza pela passagem de fronteira de Rafah com o Egito, cortando uma rota crucial de ajuda e a única saída para a evacuação de pacientes feridos. O objetivo da operação era eliminar combatentes do Hamas e desmantelar a “infraestrutura terrorista em áreas específicas do leste de Rafah”.

Um oficial da ONU (Organização das Nações Unidas) relatou que, devido à operação militar, nenhum combustível ou assistência conseguiu entrar na Faixa de Gaza, o que resultou em uma situação “desastrosa para a resposta humanitária” na região. Mais da metade da população do enclave está enfrentando uma grave escassez de alimentos.

Refúgio de palestinos

Israel ameaça atacar Rafah para eliminar combatentes do Hamas, mas a cidade também é refúgio para palestinos que fugiram do norte de Gaza. Essas pessoas enfrentam escassez de alimentos, água e medicamentos em acampamentos improvisados. Além disso, a principal maternidade de Rafah está fechada, informou o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a agência de desenvolvimento internacional da ONU que trata de questões populacionais, repercutiu a agência Reuters.

O Hamas relatou que seus combatentes estão enfrentando as forças israelenses no leste, enquanto os combatentes da Jihad Islâmica atacam soldados e veículos militares israelenses com artilharia pesada perto do aeroporto. Médicos relataram que bombas de tanques israelenses atingiram o centro de Rafah, ferindo pelo menos 25 pessoas.

O prefeito de Rafah, Ahmed Al-Sofi, alertou sobre a crise humanitária iminente, com vidas inocentes perdidas, famílias deslocadas e casas destruídas. Ele fez um apelo à comunidade internacional para intervir.

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