O Irã ameaçou atacar bases militares dos Estados Unidos no Oriente Médio caso as negociações nucleares entre os dois países fracassem. “Todas as suas bases estão ao nosso alcance, temos acesso a elas e, sem hesitação, vamos atingir todas nos países anfitriões”, declarou na quarta-feira (11) o ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasirzadeh, de acordo com a rede France 24.
A ameaça foi feita após novos sinais de impasse nas conversas para restaurar um acordo que substitua o tratado nuclear de 2015, abandonado por Donald Trump durante seu primeiro mandato, em 2018. Desde abril, Teerã e Washington realizaram cinco rodadas de diálogo. O governo iraniano afirma que recebeu “elementos” de uma proposta norte-americana, mas apontou “ambigüidades” e promete apresentar uma contraproposta.
Apesar da retórica, Nasirzadeh afirmou que a expectativa é de que a escalada seja evitada. “Se Deus quiser, as coisas não chegarão a esse ponto e as negociações terão êxito”, afirmou. Ele advertiu, no entanto, que, em caso de confronto militar, “o lado norte-americano terá mais perdas”.

As bases americanas mais próximas do Irã estão localizadas em países como Catar, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Kuwait. A maior delas, em solo catariano, abriga cerca de dez mil soldados dos EUA. O Irã também voltou a defender seu programa de enriquecimento de urânio, hoje em 60% — próximo dos 90% necessários para armas nucleares — e acima do limite de 3,67% fixado no acordo original. Teerã insiste que se trata de um “direito inegociável”.
Na segunda-feira (9), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) iniciou uma reunião em Viena para discutir o programa nuclear iraniano. Um relatório da agência acusou o Irã de oferecer “cooperação insatisfatória” e não explicar a presença de material nuclear em locais não declarados. Teerã rejeitou as conclusões e disse que o documento se baseia em “documentos forjados” por Israel.
Em entrevista publicada pelo podcast Pod Force One, do jornal New York Post, Trump afirmou estar “menos confiante” na possibilidade de um acordo. “Eu achava que sim, mas estou ficando cada vez mais — menos confiante nisso. Eles parecem estar adiando e acho isso uma vergonha. Estou menos confiante agora do que estaria há alguns meses”, disse. “Pode ser que eles não queiram fazer um acordo, o que posso dizer? E pode ser que queiram. Não há nada definitivo.”