Enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) à Síria, Geir Pedersen alertou o Conselho de Segurança do órgão, na terça-feira (24), sobre os riscos de a violência aumentar em várias áreas do país. Nas palavras dele, o conflito armado está “longe de terminar”.
Pedersen chamou a atenção para o significativo destacamento de tropas, os bombardeios pesados e os confrontos terrestres no sudoeste da Síria, especialmente em Deraa. “Repetimos nossos apelos a todas as partes para que acabem com a violência imediatamente. O acesso humanitário seguro e desimpedido é necessário para todas as áreas e comunidades afetadas”.
O enviado da ONU citou, ainda, recentes ataques de grupos terroristas que aumentam a tensão em uma nação já devastada por uma guerra civil que se estende de dez anos. E afirmou que os atos “lembram que os esforços para combater o terrorismo são essenciais. E que, para serem eficazes, requerem cooperação, coordenação e ações estritamente dentro dos limites do direito internacional.”
Segundo ele, a única forma de encerrar o conflito é através da diplomacia. “Precisamos de um processo político confiável, bem como de uma cooperação internacional mais sustentada”.
Ajuda humanitária
Por sua vez, o subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, sublinhou que pelo menos 53 civis morreram em junho e julho em ataques aéreos e bombardeios no noroeste da Síria.
Ele destacou danos na infraestrutura civil essencial e o deslocamento de mais de 20 mil pessoas, no maior movimento observado desde o anúncio do cessar-fogo, em março do ano passado.
Assassinatos e ameaças a mulheres e meninas aumentaram o clima de medo, pois elas estão expostas a maior risco de exploração e abuso sexuais, com as terríveis necessidades das pessoas abrigadas em campos e a extrema vulnerabilidade e dependência de ajuda da população civil em geral.
A operação humanitária síria é uma das maiores em todo o mundo, alcançando cerca de 6,6 milhões de pessoas por mês em todo o território nacional. Segundo Griffiths, as necessidades superam a resposta, e ele pediu muito mais apoio da comunidade internacional para dar suporte à população
Por que isso importa?
A guerra civil, que já dura dez anos, deixou mais de 13 milhões de pessoas dependentes de ajuda humanitária segundo dados recentes da ONU (Organização das Nações Unidas). Somente na região noroeste há 4 milhões de pessoas nessa situação.
O conflito opôs Rússia e Irã, aliados ao governo de Al-Assad, à Turquia, que apoiou os rebeldes. Mais de 590 mil pessoas morreram durante a guerra, que varreu a nação e deslocou mais da metade da população que era de 23 milhões de pessoas.
Desde 2011, a oposição e líderes ocidentais exigem a saída de Assad, a quem acusam de crimes contra a humanidade. Apoiadores de Assad, por outro lado, criticam o que consideram uma interferência de Washington com o intuito de derrubar o presidente.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News