Drones militares chineses são retidos pela Itália a caminho da Líbia

Peças estavam camufladas como partes de turbinas eólicas e poderiam ser utilizadas na montagem de duas aeronaves

A Itália confiscou drones militares chineses que estavam disfarçados como turbinas eólicas e destinados à Líbia, violando um embargo da ONU (Organização das Nações Unidas), informaram autoridades locais. A ação foi supostamente coordenada com a ajuda de inteligência dos Estados Unidos. As informações são do site Defense News.

Os componentes dos dois drones foram encontrados escondidos em seis contêineres enviados por navios porta-contêineres da China para o Porto de Gioia Tauro, na Itália, antes de serem interceptados pelas autoridades locais.

A polícia fiscal italiana e autoridades alfandegárias revelaram que os componentes dos drones foram entre réplicas de pás de turbinas eólicas para evitar detecção. Um dos drones exibia o slogan “The energy saving world” (“O mundo da economia de energia”, em tradução literal) ao longo de sua estrutura.

Fontes informaram à reportagem sob condição de anonimato que os drones estavam destinados a Benghazi por ordens do general Khalifa Hifter, líder militar que exerce influência sobre o leste da Líbia.

Drone modelo Wing Loong em exposição no Dubai Airshow de 2017 (Foto: WikiCommons)

Washington identificou o carregamento e informou as autoridades italianas. Desde a queda de Muammar Gaddafi em 2011, a Líbia enfrenta conflitos civis, com um embargo da ONU proibindo a venda de armamentos para o país. Após a remoção do líder Gaddafi em uma revolta apoiada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Trípoli mergulhou no caos e permanece dividida entre administrações rivais no leste e no oeste do país.

Autoridades italianas confirmaram que cada drone tinha mais de 10 metros de comprimento, uma envergadura de cerca de 20 metros e pesava mais de 3 toneladas. Essas especificações correspondem aos relatos de fontes que identificaram os veículos aéreos não tripulados como sendo do modelo chinês Wing Loong II.

Em 2020, durante os confrontos em Trípoli, Hifter recebeu suporte dos Emirados Árabes Unidos, que incluiu o envio de veículos aéreos não tripulados para a Líbia. Esses dispositivos foram associados a um ataque que resultou na morte de 26 cadetes em uma academia militar na capital. Abu Dhabi negou estar envolvido no incidente.

A apreensão no porto do sul da Itália ocorreu após uma operação da polícia canadense em abril, na qual dois cidadãos líbios residentes no Canadá foram acusados de conspirar para adquirir drones chineses usando petróleo bruto líbio. Os acusados, Fathi Ben Ahmed Mhaouek e Mahmud Mohamed Elsuwaye Sayeh, são ex-funcionários da Organização Internacional de Aviação Civil, uma agência da ONU com sede em Montreal.

Hifter, que já teve vínculos com a CIA, está fortalecendo suas relações com a Rússia, permitindo que nos últimos meses o país descarregue milhares de toneladas de equipamento militar no porto de Tobruk, no leste da Líbia. Esse movimento visa apoiar as operações russas na África.

Nos últimos dez anos, a China aumentou consideravelmente a produção e venda de drones militares, segundo a Newsweek. Foram fechados acordos importantes ao redor do mundo para os modelos Wing Loong, Rainbow e WJ. Diversos países, como Argélia, Etiópia, Indonésia, Iraque, Jordânia, Cazaquistão, Marrocos, Mianmar, Nigéria, Paquistão, Sérvia, Turcomenistão e Uzbequistão, estão entre os destinos desses drones.

Tags: