Os EUA suspenderam a recompensa de US$ 10 milhões por informações que levassem à prisão de Sirajuddin Haqqani, um dos principais líderes do Taleban, anunciou o porta-voz do Ministério do Interior do Afeganistão o final de semana. O afegão é “acusado de coordenar e participar de ataques transfronteiriços contra forças americanas e da coalizão no Afeganistão”. As informações são da rede Al Jazeera.
A decisão de suspender o prêmio ocorre pouco depois da libertação de George Glezmann, um cidadão americano que havia sido sequestrado enquanto viajava como turista no Afeganistão em dezembro de 2022. O Taleban o libertou na semana passada, terceiro caso somente neste ano envolvendo cidadãos dos EUA.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, classificou a libertação como “um passo positivo e construtivo” e agradeceu ao Catar pelo papel “fundamental” na mediação que garantiu a liberdade de Glezmann. O Taleban, por sua vez, descreveu a libertação como parte de seu esforço global de “normalização”, em busca de maior aceitação internacional.
Apesar dessas iniciativas, o Taleban permanece isolado globalmente desde que retomou o controle do Afeganistão em agosto de 2021, após a retirada caótica das tropas americanas sob o governo de Joe Biden. Essa retirada foi planejada durante a primeira administração de Donald Trump, que negociou diretamente com o Taleban em 2020, estabelecendo um prazo de 14 meses para a saída completa das forças dos EUA e seus aliados.
Sirajuddin Haqqani, filho de um famoso comandante da guerra contra os soviéticos, lidera a poderosa rede Haqqani, considerada uma “organização terrorista” pelos EUA. O grupo é conhecido pelo uso de homens-bomba e é acusado de planejar alguns dos ataques mais mortais em Cabul nos últimos anos, além de sequestrar cidadãos ocidentais para obtenção de resgates.
A rede também esteve envolvida na morte do líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, atingido por um ataque de drone americano em 2022 em uma casa que, segundo autoridades dos EUA, pertencia a Haqqani.
Apesar da retirada oficial da recompensa, o nome de Haqqani segue no site do FBI, a polícia federal dos EUA, o que levanta questões sobre a real intenção do governo americano e sobre o futuro das relações entre o país e o Taleban.