França alerta para risco de confronto militar com o Irã se acordo nuclear não for fechado

Diplomatas tentam evitar que sanções da ONU expirem, o que poderia levar a ataques contra o programa nuclear de Teerã

Em um alerta que elevou a tensão em torno do programa nuclear iraniano, o governo da França afirmou na quarta-feira (2) que, caso as potências mundiais não consigam negociar rapidamente um novo acordo com o Irã, um confronto militar é “quase inevitável”. A declaração veio após uma reunião confidencial convocada pelo presidente Emmanuel Macron com ministros e especialistas, reforçando a gravidade com que o governo francês encara o impasse. As informações são da agência Reuters.

A corrida diplomática tem como meta firmar um novo pacto antes de outubro de 2025, quando expiram as sanções da ONU (organização das Nações Unidas) relacionadas ao acordo nuclear de 2015. França, Alemanha e Reino Unido intensificaram seus esforços nas últimas semanas para convencer o Irã a limitar suas atividades de enriquecimento de urânio, cujo nível atual, segundo potências ocidentais, estaria próximo ao necessário para a fabricação de armas nucleares.

Míssil balístico exibido em desfile de comemoração da Semana da Sagrada Defesa, que lembra a guerra entre Irã e Iraque, Teerã, 2019 (Foto: WikiCommons)

“Oportunidade é estreita. Temos apenas alguns meses até a expiração deste acordo (de 2015). Em caso de fracasso, uma confrontação militar pareceria quase inevitável”, disse o ministro das Relações Exteriores francês Jean-Noël Barrot em audiência parlamentar. A fala foi interpretada como um recado direto a Teerã e um apelo por uma ação urgente.

Fontes diplomáticas confirmaram que a reunião ministerial foi incomum, o que reflete a preocupação crescente dos aliados europeus de Washington. Um dos temores é o de que os EUA e Israel avancem com ataques aéreos contra as instalações nucleares iranianas caso não haja progresso nas negociações. O envio de mais aviões militares e porta-aviões norte-americanos ao Oriente Médio, anunciado nesta semana pelo Pentágono, reforçou essa percepção.

A presença do chanceler israelense em Paris na quinta-feira (3) e o encontro com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante a reunião ministerial da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em Bruxelas indicam que a questão iraniana deve dominar a pauta diplomática nos próximos dias.

O presidente Donald Trump, que já havia se retirado do acordo de 2015, voltou a pressionar o Irã com ameaças de bombardeios e sanções econômicas se não houver avanço nas negociações.

Enquanto isso, diplomatas europeus seguem tentando articular um caminho que permita a retomada do diálogo. A ideia é chegar a um novo acordo até agosto, com tempo suficiente para estabelecer limites ao programa nuclear iraniano e começar a suspender sanções antes da data-limite estabelecida pela ONU.

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