A Acnur, agência para refugiados da ONU (Organização das Nações Unidas), manifestou preocupação nesta quarta-feira (1) com o aumento dos riscos para os afegãos que tentam fugir para nações vizinhas, em meio à repressão do novo governo talibã e à deterioração das condições de vida no Afeganistão.
Irã e Paquistão mantêm as fronteiras abertas somente para os afegãos que possuem passaportes e vistos válidos, sendo que o governo paquistanês tem permitido somente a entrada de poucas pessoas que têm emergências médicas. Já as fronteiras do Tajiquistão e do Uzbequistão estão totalmente fechadas para a população do Afeganistão.
Segundo a Acnur, os perigos para as pessoas que não conseguem deixar o país são graves, e em alguns casos existe até risco de vida. A agência explica que, pelo mundo, as pessoas que são forçadas a deixar seus países geralmente não têm a documentação necessária nem as autorizações de viagem que geralmente são exigidas.
A agência não contesta o direito soberano de regulamentação das fronteiras pelos países, mas lembra que exceções devem ser feitas para as pessoas que buscam segurança em outro país.
À parte a crise humanitária, milhares de afegãos viajam diariamente ao Paquistão e ao Irã para fins comerciais, tratamento médico ou para visitar familiares. Mas, desde agosto, a Acnur tem recebido um número cada vez maior de afegãos que buscam asilo em nações vizinhas.
A agência também tem conhecimento sobre requerentes de asilo que entram ilegalmente em países vizinhos. Há casos de pessoas que foram para o Irã com a ajuda de contrabandistas e que contaram aos funcionários da Acnur que foram vítimas de extorsão, espancamento e de outros tipos de violência, especialmente mulheres e crianças.
O total de afegãos deportados de Paquistão, Irã e Tajiquistão desde agosto também subiu. A Acnur calcula, por exemplo, que 3 mil civis do Afeganistão estão sendo deportados diariamente do território iraniano.
A agência da ONU pede às autoridades desses países para deixarem de deportar afegãos, já que muitos precisam receber proteção como refugiados e pede também que as nações vizinhas ao Afeganistão mantenham suas fronteiras abertas aos civis que precisam de proteção internacional.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News