O Taleban, que governa o Afeganistão desde a retirada das tropas ocidentais em agosto de 2021, afirmou nesta quinta-feira (19) que o rigoroso inverno no país matou 78 pessoas em pouco mais de uma semana. Os números ilustram o tamanho da crise humanitária afegã e projetam uma possível catástrofe nas próximas semanas. As informações são da agências Associated Press (AP).

Segundo Shafiullah Rahimi, porta-voz do Ministério de Gestão de Desastres Naturais, o frio também matou cerca de 75 mil cabeças de gado desde o dia 10 de janeiro, outro evento que tende a piorar a situação em um país duramente afetado pela pobreza e pela fome. Os números, porém, podem ser ainda maiores, vez que algumas áreas do país são de difícil acesso, o que prejudica a coleta de dados.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) reforçou a preocupação. “Os meios de subsistência e bens perdidos colocam em risco ainda mais as famílias afegãs em um momento em que 21,2 milhões de pessoas precisam urgentemente de alimentos e apoio agrícola contínuo”, disse o órgão.

E o frio não deve dar trégua, com a previsão de que as temperaturas cheguem a -35º C em algumas regiões do país no final de semana. Para evitar uma catástrofe, grupos humanitários se mobilizaram para fornecer roupas quentes, combustível e outros itens capazes de aquecer a população afegã.

O problema é que muitas entidades humanitárias foram forçadas a suspender ou reduzir o atendimento depois que o Taleban proibiu as mulheres do país de trabalhar para ONGs. Algumas já foram autorizadas a retornar ao trabalho, mas somente nas áreas de saúde e nutrição.

Em comunicado, o Taleban afirmou que está “profundamente triste pelo fato de nossos compatriotas terem perdido suas vidas em algumas províncias devido ao frio intenso”. O governo talibã declarou ainda que tenta fazer a ajuda chegar a mais de um milhão de pessoas e que faz “o possível para apoiar mais famílias durante este frio intenso”.