Na noite de sábado (13), pelo horário de Brasília, o Irã cumpriu a ameaça que vinha fazendo e lançou um grande ataque contra Israel, com cerca de 300 drones e mísseis de cruzeiro e balísticos disparados. O Estado judeu alega que seu sistema de defesa antiaérea, o Domo de Ferro, conseguiu conter a agressão com o apoio sobretudo dos EUA e do Reino Unido. A ofensiva foi dada como encerrada por Teerã já no domingo (14), mas aumentou a apreensão global de que um conflito generalizado na região se instale.
Israel estava de prontidão desde que um ataque à embaixada iraniana em Damasco, no dia 1º de abril, matou dois generais iranianos. Teerã culpa o inimigo pela agressão e desde então vinha prometendo uma retaliação, só não havia especificado como o faria. Apostou na alternativa extrema e até então inédita de um ataque direto desde seu território contra o israelense, em vez de apostar em ações de grupos patrocinados, como Houthis ou Hezbollah, ou mesmo em agir contra interesses israelenses no exterior.
“Nos últimos anos, e especialmente nas últimas semanas, Israel tem se preparado para um ataque direto do Irã. Nossos sistemas defensivos estão implantados. Estamos prontos para qualquer cenário, tanto defensivamente quanto ofensivamente. O Estado de Israel é forte. As IDF (Forças de Defesa de Israel, da sigla em inglês) são fortes. O público é forte”, disse após o ataque o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, segundo a agência Reuters.
Embora tenha disparado centenas de artefatos, que causaram apenas danos reduzidos na infraestrutura de uma base israelense, o Irã trata a ofensiva como um recado e advertiu que uma retaliação israelense, nos moldes do ataque à embaixada, levará a uma ação mais dura. Incluiu também Washington no alerta.
“O assunto pode ser considerado concluído”, disse Teerã em comunicado. “No entanto, se o regime israelenses cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa. É um conflito entre o Irã e o regime israelense desonesto, do qual os EUA ‘DEVEM FICAR LONGE!'”
Aliança fortalecida
A agressão, por sinal, serviu para reaproximar israelenses e norte-americanos, que vinham se distanciando devido à insistência do Estado judeu em persistir com sua ofensiva em Gaza, apesar das vítimas civis e dos apelos globais por um cessar-fogo. Os EUA inclusive ajudaram Israel a conter a agressão, usando suas forças para interceptar alguns dos drones e mísseis disparados.
“O nosso compromisso com a segurança de Israel contra as ameaças do Irã e dos seus representantes é inflexível”, disse o presidente norte-americano Joe Biden, que ainda convocou uma reunião com os países do G7, as maiores economias democráticas do mundo, para coordenar uma resposta diplomática.
De acordo com a CNN, entretanto, uma hipótese foi prontamente descartada em Washington: juntar-se a Israel para um eventual ataque direto ao Irã. Os EUA entendem que os eventos de sábado devem ser encarados como uma vitória pelos israelenses, dada a “notável capacidade de Israel para se defender e derrotar até mesmo ataques sem precedentes.”
Reação internacional
A ONU (Organização das Nações Unidas), que vem se posicionando contra Israel devido à violência em Gaza, condenou “veementemente a grave escalada representada pelo ataque em grande escala lançado esta noite contra Israel pela República Islâmica do Irã”, segundo o secretário-geral António Guterres, com as palavras dele reproduzidas pela Reuters.
O chefe das Nações Unidas ainda se disse “profundamente alarmado com o perigo muito real de uma escalada devastadora em toda a região”. E concluiu: “Exorto todas as partes a exercerem a máxima contenção para evitar qualquer ação que possa levar a grandes confrontos militares em múltiplas frentes no Oriente Médio.”
O Reino Unido, que também forneceu apoio militar para conter a agressão, afirmou, através do premiê Rishi Sunak, que “os ataques correm o risco de inflamar as tensões e desestabilizar a região. O Irã demonstrou mais uma vez que pretende semear o caos no seu próprio quintal.”
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), foi mais um a condenar “veementemente o inaceitável ataque iraniano contra Israel. Esta é uma escalada sem precedentes e uma grave ameaça à segurança regional.”
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, seguiu pelo mesmo caminho. “Condenamos veementemente o ataque lançado pelo Irã a Israel. Tudo deve ser feito para evitar uma nova escalada regional. Mais derramamento de sangue deve ser evitado. Continuaremos a acompanhar de perto a situação com os nossos parceiros.”
No Brasil, o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota na qual disse acompanhar “com grave preocupação” os relatos da ofensiva com “drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria.” No texto, Brasília ainda citou a guerra em Gaza como fator motivador, pediu “máxima contenção” e cobrou uma ação internacional para evitar uma escalada.